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QUEM É O DEUS CRISTÃO? Uma homilia sobre a Santíssima Trindade

  • Foto do escritor: Frei Basílio de Resende ofm
    Frei Basílio de Resende ofm
  • 23 de jun. de 2023
  • 4 min de leitura


Domingo da Santíssima Trindade Ano A (Jn 3,16-18)


Quem é o Deus cristão?

Quem é o Deus de Abraão?

Quais são as três grandes tradições abraâmicas, a fraternidade abraâmica?

Qual é Deus dos judeus?

Qual é o Deus do Islam, dos muçulmanos?

Qual é o Deus de Jesus Cristo, o Deus cristão?


O DEUS QUE DÁ A SUA VIDA

João 3,16-18


A grande maioria da humanidade crê em Deus.


O que faz a identidade própria dos cristãos, é que eles creem em Jesus Filho de Deus: Deus é um, mas em vários rostos: Deus é uma “trindade” de pessoas.


Hoje, sem querer ser completo, contentamo-nos em seguir de perto o evangelho deste dia: em três afirmações muito concisas, são João resume o projeto de Deus.


A VIDA DIVINA, ETERNA,

É OFERECIDA A TODO SER HUMANO.


Neste dia da festa da Trindade, a vida de Deus nos é apresentada como uma vida eterna oferecida à humanidade.


O ser humano é um vivente, mas sua vida é mortal, isto é, frágil e curta. Os acontecimentos de cada dia nos lembram isso.


Ora, a Boa Nova é precisamente que Deus vem doar sua própria vida, sua vida divina, sua vida trinitária, sua vida eterna. Esta palavra é repetida 17 vezes em João.


Mas notamos bem que esse dom de Deus é apresentado como uma salvação, como um resgate. A vida eterna só é dada num contexto trágico de uma espécie de combate contra a morte: trata-se de não perecer... de escapar da condenação.


Quando nossa saúde está boa, nós não nos sentimos viver, porque nosso organismo funciona então silenciosamente. Ao contrário, se há um perigo, nós sentimos dolorosamente nossos órgãos doentes.


Assim também, a vida divina só é apreciada verdadeiramente pelo contraste com o seu contrário, que é a morte. Aí então, o dom que Deus nos oferece é uma salvação. Deus quer salvar o ser humano de sua vida simplesmente humana, mortal, dando-lhe o presente de sua própria vida imortal.


O DOM DO PAI SE REALIZA

PELO ENVIO DO FILHO À HUMANIDADE.


“Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único... para que o mundo seja salvo” (Jn 3,16.17).


Deixemo-nos impregnar por essas palavras de fogo. Trata-se de amor! E de um amor que faz loucuras, como o indica esse pequeno adjetivo: “Deus amou tanto... - de tal forma - ”.

Já, no Antigo Testamento, Deus se revelara a Moisés – é a primeira leitura - como “o Deus terno e misericordioso, cheio de amor e de fidelidade” (Ex 34, 7). Toda a Bíblia já dizia o amor de Deus, mas ninguém podia adivinhar até onde iria esse amor, até tal loucura!


Deus amou tanto, que fez o dom do seu Filho ao mundo, o dom do seu “único”. Esse qualificativo pode parecer banal, mas indica que envia a uma passagem do Antigo Testamento que está em todas as lembranças judaicas: o grande ancestral, Abraão, o pai de todos os crentes – judeus, cristãos ou muçulmanos – que havia aceito sacrificar “o seu filho único” (Gn 22,2-16). Tal é assim a enormidade do amor de Deus. Para salvar o ser humano da perdição, ele aceita entregar seu único à morte da cruz. E João, que insiste tanto sobre esse dom inaudito, foi só ele dos doze apóstolos a ousar afrontar, no Gólgota, esse espetáculo do amor louco de Deus para com a humanidade.


ESSE DOM É LIVREMENTE RECEBIDO PELA FÉ...

OU É LIVREMENTE RECUSADO!


Todo o Evangelho, em todas as páginas ou em quase todas, insiste sobre a liberdade do ser humano diante do dom da vida divina que Deus lhe oferece: pode-se acolhê-la ou recusá-la... pode-se abrir as mãos para receber um presente ou fechá-las... pode-se crer ou não crer neste dom de Deus.


O sol divino não cessa de brilhar, mas o ser humano pode fechar suas cortinas. “A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas” (Jn 1,10).


É pela fé que se abre à vida eterna. A palavra crer, e seu contrário “não crer”, é empregada 95 vezes no evangelho de João, praticamente em todos os capítulos. É um dilema decisivo: ou bem... ou bem... Não há uma via média. Ou bem se acolhe o dom de Deus e se acede à vida divina... Ou bem se fica na sua vida humana que, é evidente, é mortal. Impossível de escapar: “Quem crê não se perderá, mas terá a vida eterna... Quem não crê já está julgado, porque ele pronuncia então a sua própria condenação ao não acreditar no nome do Filho único de Deus” (Jn 3, 16-17).


Esse é o resumo da fé cristã.


No nosso Credo (símbolo dos apóstolos), há duas linhas para falar de Deus-Pai, doze linhas para falar de Deus-Filho e seis linhas para falar de Deus-Espírito que dá a vida.


E é esta maravilha do Deus que dá a sua vida, que cada sinal da cruz nos lembra, no nome das três pessoas.


E você, você crê?

Você marca sua vida no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo?



(“Les Entretiens du Dimanche" – Année A, Noel Quesson, Droguet-Ardant p. 95-98.

Tradução de Frei Basílio de Resende ofm)

 
 
 

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