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UMA HOMILIA DO SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO, Ano A

  • Foto do escritor: Frei Basílio de Resende ofm
    Frei Basílio de Resende ofm
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO, ANO A

Frei Jhonatan de Jesus Luiz ofm

 

A Liturgia da Palavra deste 2º Domingo do Advento estabelece um fundamento claro para a acolhida do Reino de Deus: a dupla exigência da esperança messiânica e da conversão urgente. As leituras de Isaias, Paulo e Mateus se unem para traçar um percurso que vai da gloriosa promessa de paz e justiça à necessidade imediata de retidão de vida.


O profeta Isaias (11,1-10) nos oferece a visão sublime do Messias vindouro, o “rebento” que brotará do “tronco de Jessé”, sobre o qual repousará o Espírito do Senhor em plenitude. Sua principal característica será a Justiça Sem Parcialidade, governando com equidade e defendendo os humildes e pobres. Esta profecia culmina na imagem utópica do Reino da Harmonia, onde a inimizade cessa – simbolizada pela convivência pacífica do “lobo e do cordeiro” – um tempo em que o conhecimento do Senhor inunda a terra, estabelecendo uma paz que transcende a ordem natural. Este é o mundo querido por Deus, pelo qual somos chamados a trabalhar.


Para preparar o caminho para essa realidade, o Evangelho (Mt 3,1-12) apresenta a figura radical de João Batista, a voz profética que clama a urgente necessidade de conversão. Sua mensagem central é a Metanoia, palavra grega que significa uma mudança de mentalidade, de cabeça, de maneira de pensar e de agir, muito mais profunda que uma simples “metamorfose” de forma.


João prega que o Natal autêntico, a vinda do Senhor, exige a abertura do coração. Se vivemos fechados no egoísmo, no consumismo e no “mundinho” da família e dos amigos, desconhecendo a realidade ao redor, é necessária a conversão. Permanecer assim resultará em um “Natal consumista”, sem a presença de Jesus, pois não há lugar para Seus valores em uma vida fechada. O coração que se abre ao Senhor produzirá frutos claros: fraternidade, alegria sincera, serviço despretensioso e gratuidade no ser e no agir.


Assim como na fábula de La Fontaine, onde o mais forte sempre encontra uma razão para devorar o mais fraco, nós também, fechados em nossa própria sabedoria, inventamos desculpas para continuar fazendo o que nos agrada e julgar que os errados são sempre os outros. É preciso se deixar questionar pela Palavra de Deus: esta é a nossa salvação e libertação de nós mesmos.


O Batista utiliza a imagem dos caminhos endireitados para o Rei poder chegar. Não é que o Senhor exija barreiras, mas Ele não pode entrar em um coração fechado ou em uma mente inflexível que se recusa acolher o novo e a derrubar os “muros” que impedem o acesso ao outro.


Essa atitude de acolhimento e mudança é reforçada pela Segunda Leitura (Rm 15,4-9). O Apóstolo Paulo exorta a comunidade a buscar a unidade e o conforto nas Escrituras, para que vivam em harmonia, “com um só coração e a uma só voz”. Paulo sublinha a o Acolhimento Universal trazido por Cristo, que manifestou a misericórdia de Deus a todos, sem preconceito entre fracos e fortes. Isso exige que unamos nossos sentimentos, a exemplo de Jesus, e criemos raízes firmes na fé, evitando a falta de perseverança.


A resposta a este chamado encontra sua expressão máxima na Eucaristia, onde celebramos o mundo da partilha, no qual Deus, e não o dinheiro, é o Pai. O caminho para viver essa partilha é a austeridade de vida e a solidariedade, que envolvem todos os bens – materiais, afetivos, intelectuais – dispostos em favor do outro, como o próprio sacrifício da Vida, realizado pelo Amor.


Neste segundo domingo, somos convidados a permitir que o Senhor invada nosso coração, aplanando nossa afetividade, corrigindo nossos valores e derrubando nossos muros. Que nossa vida, com toda sua riqueza, seja colocada em favor da paz e da harmonia entre os homens. Advento/Natal é tempo de amar, tempo de mudar de vida para amar mais, em plenitude. Nossa vocação é o Amor! Vivamos o Amor sem limites, Amor da Noite de Natal.

Homilia de Frei Jhonatan de Jesus Luiz

Coordenador do Serviço de Animação Vocacional

da Província Santa Cruz, Ordem dos Frades Menores

Av. Gabriel de Resende Passos, 178

Guarujá 32603-246 - Betim MG

(31) 3531-1165

(31) 97594-0342

 

 
 
 

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