DE GUERRAS E PAZ - II - RÚSSIA E UCRANIA
- Frei Basílio de Resende ofm
- 24 de jan. de 2023
- 12 min de leitura
Atualizado: 24 de abr. de 2023
DE GUERRAS E PAZ – II - RÚSSIA E UCRÂNIA: Duas nações soberanas, poderosas, ricas em cultura, vizinhas, irmãs?
Desde o dia 24 de fevereiro de 2022, a comunidade internacional assiste com perplexidade à invasão da Ucrânia pela Rússia, e um cruel e bárbaro embate entre dois povos irmãos.
Irmãos? Uma irmandade complexa, ambivalente e ambígua; dois projetos históricos? Duas civilizações? Dois atores no jogo da geopolítica global?
Precedentes imediatos da guerra: Exercícios militares na fronteira.
A retórica dos atuais ideólogos e governantes da Rússia, era de que estavam apenas fazendo exercícios militares, na fronteira; que a histeria do Ocidente denunciava suas intenções de invadir a Ucrânia. Os dirigentes da Ucrânia acreditaram nas declarações de não agressão por parte dos dirigentes da Rússia, e não nas advertências de governantes do Ocidente.
A retórica do agressor para justificar a agressão
Desmilitarizar a Ucrânia
Desnazificar o governo da Ucrânia
Por ou impor um “governo legítimo”
Garantir a segurança e a pujança da economia russa
Intervenção humanitária
E quando Mr. Putin, decidiu agredir e invadir a Ucrânia, sua retórica era de que Mr. Zelenski não era um legítimo líder e governante da Ucrânia, mas era um fantoche imposto pelo Ocidente, (1);
que iria desnazificar o governo do país vizinho (2);
que iria desarmar seu vizinho (3);
que os ucranianos são irmãos dos russos, formam um só povo, e que ele iria intervir para impedir um genocídio (4);
que não estava agredindo a Ucrânia e não iniciando ‘uma guerra’ (palavra proibida a ser usada na Rússia), mas fazendo ‘uma operação militar especial’ para defender uma civilização ameaçada (5);
e, por fim, que Mr. Putin estava agindo em defesa da segurança econômica e militar da Rússia (6).
(1) De fato, a intenção inicial pelos procedimentos, era uma ação de surpresa para prender e assassinar o fantoche do Ocidente, e colocar um fantoche pró-Rússia;
(2) De fato, quem usava procedimentos e técnicas ‘nazistas’ de Hitler, era o governante russo, com sua propaganda massiva de submeter a opinião pública às versões oficiais;
(3) De fato, uma necessidade urgente para a segurança e bem-estar das populações e nações do mundo é a desmilitarização e o desarmamento dos blocos da geopolítica global, incluindo a Rússia;
(4) De fato, ele é quem instaurou a execução de um monstruoso genocídio contra um povo irmão e nação autônoma com suas construções e fontes de energias e transmissão, por meio de um massivo ataque com armas convencionais, - os tanques e metralhadoras, - e os sofisticados novos foguetes, mísseis hipersônicos e drones kamikazes;
(5) De fato, a superioridade política e militar do Estado invasor quer impor o domínio de um estado de coisas pela força bruta com ameaças e a retórica da mentira prepotente e desinformação de um povo dominado pelo medo e corrompido pelo dinheiro, e não uma proposta de uma civilização superior pelo diálogo, intercâmbio, respeito mútuo, compartilhamento de valores comuns;
(6) De fato, na atual situação da geopolítica mundial na qual as superpotências se associam em blocos de interesses, de influência e de dissuasão pelo poderio militar, Mr. Putin, - há 23 anos à frente de uma grande nação - se comporta como um produto, - e um reprodutor -, acabado e perfeito dessa geopolítica mundial, fundada sobre força e a dominação econômica e militar e sobre a intimidação.
Um pouco de história
Fonte: BBC News Mundo, 27 fevereiro 2022
Mas, afinal, como nasceu a Ucrânia
- e quais seus vínculos históricos com a Rússia?
“Como outras nações vizinhas, os dois países têm laços históricos e culturais que os unem e os separam.
Eles têm uma herança em comum que remonta ao Século 9, quando Kiev, a atual capital ucraniana, era o centro do primeiro Estado Eslavo, criado por um povo que se autodenominava "rus".
Foi esse grande Estado Medieval, que os historiadores chamam de Rus de Kiev, que deu origem à Ucrânia e à Rússia - cuja capital atual, Moscou, surgiu no Século 12.
A religião do Estado, era a Fé Cristã Ortodoxa, instituída por Vladimir I, de Kiev, em 988, Século X, (São Vladimir Svyatoslavich "O Grande"). Ele consolidou o Reino Rus, no território que corresponde, hoje, à Bielorrússia, Rússia e Ucrânia e se estende até o Mar Báltico.
Entre os vários dialetos eslavos falados na região, acabaram se desenvolvendo as línguas ucraniana, bielorrussa e russa.
É por causa desse passado compartilhado que o presidente russo, Vladimir Putin, afirma que "russos e ucranianos são um povo, um único todo".
Especialistas apontam, entretanto, que, apesar da origem comum, a trajetória dos ucranianos tomou caminhos diferentes da dos russos pelo menos nos últimos nove séculos, quando estiveram sob domínio de povos diferentes.
Para Andrew Wilson, professor de estudos ucranianos da Universidade College London, é importante ver a Ucrânia, tanto seu território quanto sua identidade, mais como um "quebra-cabeças dinâmico" do que como uma unidade estanque.
O quebra-cabeças
Em meados do século 13, a federação de principados de Rus foi conquistada pelo Império Mongol.
Na sequência, no final do século 14, o território acabou dividido entre o Grão-Principado de Moscou e o Grão-Ducado da Lituânia (que mais tarde se juntou à Polônia), que se aproveitaram do declínio do poder mongol para avançarem sobre a região.
Kiev e as áreas adjacentes ficaram sob o domínio da Comunidade Polaco-Lituana - o que deixou a região oeste da Ucrânia mais exposta a influências ocidentais nos séculos seguintes, desde a Contrarreforma (a resposta da Igreja Católica à Reforma protestante) até o Renascimento (movimento artístico e cultural inspirado na antiguidade clássica, que rompia com os valores da Idade Média).
A chamada Galícia dos Cárpatos, também no oeste da Ucrânia, chegou a ser governada por um longo período pela dinastia dos Habsburgo, conhecida por estar à frente dos impérios Austríaco e Austro-Húngaro.
Assim, essa porção ocidental do país teve uma história completamente diferente daquela vivida no leste ucraniano, disse Geoffrey Hosking, historiador especializado em Rússia, à BBC.
Muitos de seus habitantes são católicos ortodoxos, pertencendo à Igreja Greco-Católica Ucraniana ou a outras Igrejas orientais católicas, que realizam seus ritos em ucraniano e reconhecem o papa como chefe espiritual.
Outra parte da Ucrânia de hoje com um passado bastante particular é a Crimeia, com seus laços com gregos e tártaros e períodos sob o domínio otomano e russo.
Dois lados
No século 17, uma guerra entre a Comunidade Polaco-Lituana e o czarismo da Rússia colocou as terras a leste do rio Dnieper, região que era conhecida como "margem esquerda" da Ucrânia, sob o controle da Rússia Imperial.
Décadas depois, em 1764, a imperatriz russa Catarina, a Grande, desarticulou o Estado cossaco ucraniano que dominava as regiões central e noroeste do território e passou a avançar sobre terras ucranianas até então dominadas pela Polônia.
Durante os anos que se seguiram, uma política conhecida como russificação proibiu o uso e o estudo da língua ucraniana. As populações locais foram pressionadas a se converter à fé ortodoxa russa, para que pudessem constituir mais uma das "pequenas tribos" do grande povo russo.
Em paralelo, o nacionalismo se intensificou nas terras mais a oeste, que passaram da Polônia para o Império Austríaco, onde muitos começaram a se chamar de "ucranianos" para se diferenciar dos russos.
Com o século 20, veio a Revolução Russa e a criação da União Soviética, que fez seu próprio rearranjo do quebra-cabeças ucraniano.
Dominação soviética
A parte ocidental da Ucrânia foi tomada da Polônia pelo líder soviético Joseph Stalin no final da Segunda Guerra Mundial, quando foi constituída a República Socialista Soviética da Ucrânia.
Durante o período de dominação soviética, a tentativa de submeter a Ucrânia à influência russa se intensificou, muitas vezes a um custo humano elevado.
Milhões de ucranianos que já faziam parte da União Soviética na década de 1930 morreram em uma grande fome - que ficou conhecida como Holodomor - promovida por Stalin como estratégia para forçar os camponeses a se unirem à política comunista de fazendas coletivas.
Stalin chegou a enviar um grande número de cidadãos soviéticos, muitos sem conhecimento do idioma ucraniano e com poucos laços com a região, para tentar repovoar o leste do país: “russificar” o país.
Mesmo assim, a Moscou soviética nunca dominou culturalmente a Ucrânia.
Decisões econômicas, políticas e militares foram impostas a partir do centro, afirma Hosking, mas a Ucrânia "tinha certa autonomia" nas áreas de cultura e educação.
Embora o russo fosse a língua dominante, as crianças aprendiam ucraniano no ensino primário, muitos livros eram publicados no idioma local e, na segunda metade do século 20, "um forte movimento nacionalista ucraniano protagonizado por pessoas que tiveram uma educação ucraniana" cresceu durante o período de dominação da União Soviética.
Sob o manto comum soviético, na década de 1950 Moscou atendeu a uma demanda antiga da Ucrânia e transferiu a península da Crimeia para a república.
Localizada no Mar Negro, no Sul, a região também tem laços fortes com a Rússia, que mantém até hoje uma base naval na cidade de Sebastopol. A Crimeia voltou para controle russo em 2014, quando a Rússia de Putin a invadiu e anexou.
Divisões profundas
Em 1991, a União Soviética entrou em colapso e, em 1997, um tratado entre Rússia e Ucrânia estabeleceu a integridade das fronteiras ucranianas.
Os diferentes legados que caracterizam as regiões do país deixaram, contudo, divisões que muitas vezes parecem abismos.
As regiões de cada um dos lados do rio Dnieper têm contrastes profundos, marcados pela extensão do domínio russo.
A leste, os laços com Moscou são mais fortes, e a população tende mais a seguir a religião ortodoxa e a falar o idioma russo.
Na parte ocidental, os séculos sob o domínio de potências europeias, como a Polônia e o Império Austro-Húngaro, acabaram contribuindo para que muitos de seus habitantes fossem católicos e que preferissem falar a língua local.
Cada lado tem seus próprios interesses: alguns anseiam por retornar ao que consideram sua pátria-mãe, enquanto outros anseiam por trilhar caminhos independentes.”
MIKHAIL GORBACHEV X VLADIMIR PUTIN
A diferença entre um estadista humanista no governo e administração de um Estado poderoso que congrega e aglutina povos e nações diversas, e um chefe autoritário e centralizador tirânico. Ambos, indivíduos inteligentes, corajosos e audaciosos: Mikhail Gorbachev (1931-2022) e Vladimir Putin (1952 - ....)
Gorbachev, foi eleito pelo poderoso Politburo, chefe de Governo e de Estado da União Soviética, de 1985 a 1991. Homem de bom senso, humano e corajoso; capaz de olhar a realidade do seu pais e do seu povo, e de dar nomes às situações sociais, econômicas, políticas e militares que ele via. Com duas palavras chaves e programáticas, - ‘Glasnost e Perestroika’ (Transparência e reestruturação) – ele causou uma verdadeira revolução no sistema governamental e administrativo da poderosa União Soviética.
Tanto no âmbito interno, - com as reformas políticas e administrativas, e considerando os sentimentos de identidades de povos e culturais no grande território da União Soviética, respeitando os direitos humanos e as aspirações de autonomias de diferentes grupos sociais...; quanto no âmbito externo, - retirando a intervenção militar no Afeganistão, negociando o desarmamento de armas convencionais e a limitação da proliferação de armas nucleares... este homem político mudou a configuração geopolítica do globo.
Deve-se à sua política a queda do muro de Berlin e a reunificação da Alemanha. Também a criação de novos Estados, desmembrados da antiga União Soviética.
Também a criação da Ucrânia, como Estado autônomo, que aceitou entregar seu arsenal atômico, o terceiro do mundo, à Federação Russa, com um pacto de não agressão.
Este homem fez de russos e ucranianos dois povos irmãos solidários..
Putin, que considerou uma tragédia geopolítica a dissolução da União Soviética. Um verdadeiro homem soviético, agente da KGB, espião e ambicioso; tão inteligente e determinado como Gorbachev. Primeiro Ministro da Rússia, em 1999, com o fraco político Boris Ieltsin, eleito Presidente da Rússia em 2000 – 2008, Primeiro Ministro de 2008 a 2012, e Presidente até o momento...
No plano interno, usa métodos autoritários e violentos para dominar o país e afastar divergentes ou opositores políticos; populista, seu sonho é criar a Grande Rússia. Em discurso recente se compara a Pedro o Grande, e diz que pratica seus métodos: ‘ocupar territórios e fortificar’. Fez da Rússia uma potência energética, econômica e militar...No plano externo, crítico do Ocidente, sobretudo do 'establishment' dos Estados Unidos, ao qual atribui a intenção de destruir a economia russa. Mas faz a mesma coisa; investe em pesquisas científicas e realizações tecnológicas de novos e sofisticados armamentos militares, mísseis hipersônicos; é exportador de armas (fornece 70% dos armamentos militares da Índia, o que a torna dependente de munições e peças de reposição... e de sua ideologia política); sustenta no poder o ‘Presidente’ da Síria, experimentou lá novas armas de destruição; esmagou tentativas de independência da Chechênia; em uma semana esmagou a Geórgia.
Sentindo-se ungido de uma missão histórica e sob as bênçãos do Metropolita Ortodoxo Russo, Cirilo/Kiril I, pensava fazer a mesma coisa com a Ucrânia. Em sua retórica ultra nacionalista e megalomaníaca, seus objetivos eram eliminar os neonazistas do governo ucraniano, desmilitarizar o país vizinho, garantir a segurança geopolítica da Rússia contra a OTAN, e barrar a civilização ocidental na Ucrânia.
Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia inicia um ataque total, por terra, ar e mar à Ucrânia...
Nos seus planos, projetos e previsões e dos seus estrategistas militares seria uma “operação militar especial” de uma semana, ou no máximo, de um mês; como fez na Geórgia. Ao invadir o país, Putin, exortou o Exército ucraniano a dar um golpe de Estado, depor Zelensky, e negociar a paz. Más há um ano e não viu ainda seus objetivos conquistados, a não ser o trágico espetáculo de mísseis, bombas, e destruições de infraestruturas, mortes; massivas levas de refugiados de idosos, mulheres e crianças. O que ele não esperava é a resistência e valentia de um povo defendendo sua identidade, autonomia, independência e integridade de território.
Este homem está fazendo de russos e ucranianos dois povos inimigos irreconciliáveis.
VOLODYMYR ZELENSKY
O que Putin dizia ser um fantoche do Ocidente; e outros diziam que era apenas um comediante; manifestou-se a encarnação da resistência, coragem e valentia de um povo que aceita morrer e ser destruído pela força prepotente, mas não se verga.
Os objetivos imediatos das forças invasoras eram tirá-lo do poder, assassiná-lo e colocar um títere seu no poder; não foram atingidos. Ele se protegeu para defender sua nação, com coragem, determinação e eficiência até o momento. Tornou-se um líder e um exemplo para o mundo.
Ao presidente norte-americano que lhe ofereceu asilo e cidadania para ele e sua família, respondeu: “Eu não preciso de uma carona; eu preciso de munições”.
Aos soldados russos invasores ele perguntou: “O que vocês vieram fazer aqui? Vocês não têm problemas lá na Rússia? Voltem para sua terra!”
Aos que o criticavam pela resistência respondia: “Se a Rússia para de invadir e agredir, acaba a guerra. Se a Ucrânia para de lutar, acaba a Ucrãnia. Mas, não sabemos até quando podemos resistir...”
Putin, com sua política de expansão militar territorial, fez de si, e dos russos, invasores cruéis e destruidores insensíveis; depressivos e estupradores; aos quais ele chama de heróis. E fez de Zelensky, a alma indomável da Ucrânia que luta, resiste, morre, mas não se entrega, não se rende.
O grande equívoco estratégico seu, foi acreditar na retórica de Putin e de seus porta-vozes, de que era histeria do Ocidente dizer que a Rússia tinha intenções de invadir a Ucrânia; que russos e ucranianos são irmãos.
Ele tem uma grande família, a esposa companheira ativista, Olena Zelenska, que decidiu enfrentar a guerra ao lado do marido, também para ser um exemplo para os dois filhos, Oleksandra, 18 anos, e Kyrylo, 9 anos.
CONSEQUÊNCIAS DESSA GUERRA
Essa guerra vai causar uma série de consequências na política internacional, na economia, nas relações entre grupos, instituições e organizações de diversas naturezas, inclusive entre Igrejas cristãs.
Por exemplo:
1. A ineficiência e inoperabilidade da Organização das Nações Unidas para contribuir eficazmente para resolver problemas e conflitos de interesses militares, econômicos, políticos e geopolíticos das Nações e grupos de influência. A instituição do veto usado por algumas potências torna a ONU impotente e ineficaz para frear e impedir o arbítrio de algum governante sem ética (dos Estados Unidos no Iraque em 2003 e da Rússia na Ucrânia em 2022, etc.)
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2. A explosão do militarismo no mundo, e de astronômicos investimentos na pesquisa, na tecnologia e nas indústrias de novos armamentos de ataque e defesa.
3. O esforço de guerra na aparelhagem e na mobilização de exércitos cada vez mais numerosos e impressionáveis.
4. A crença no uso da força e do poderio militar como argumento de imposição de posições e de dissuasão para impor tratados de paz e de redesenhar o mapa do mundo.
5. A descrença nos tratados de paz, cooperação, parceria em projetos de bem-estar e desenvolvimento entre nações, regiões e blocos, baseados na justiça, no direito dos povos e nações e no respeito à legítima e livre autodeterminação dos povos.
6. O ressurgimento de uma fúria destruidora da natureza e da ecologia através da mineração desenfreada para fabricar novos artefatos de guerra – tanques, metralhadoras e fuzis, munições, mísseis, drones... – cada vez mais potentes e destruidores.
7. O desvio do poder criativo do esforço e da inteligência humana, em pesquisas científicas, tecnológicas, em indústrias para a invenção e criação de instrumentos para proteger e desenvolver a vida, a saúde, o bem-estar, a moradia, o saneamento básico, a construção de cidades e estradas, a ecologia, a educação, a informática, a informação e comunicação, a cultura, as artes, os esportes, a espiritualidade, o intercâmbio de bens, valores e serviços entre povos e nações. Enfim na criação de uma civilização de um autêntico humanismo dentro dos princípios da justiça, da verdade, do amor, da liberdade e dignidade de todos os seres humanos, o que tem como fruto a verdadeira paz, estabilidade e segurança de pessoas, grupos, famílias, povos e nações.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de dezembro de 1948, tornou-se um belo documento que expressa a vontade ética de um momento histórico da humanidade, é ainda a expressão do pensamento utópico; não um programa comprometedor todos os regimes políticos e dos governantes.
UMA SUGESTÃO:
Vejam os oportunos e atuais grandes documentos sociais do Magistério da Igreja Católica para uma política mundial de paz, harmonia e cooperação internacional : Caritas in Veritate (Caridade na Verdade) Sobre o Desenvolvimento Humano Integral na Caridade e na Verdade, de Bento XVI, Laudato Si (Louvado Seja) Sobre o Cuidado da Casa Comum e Fratelli Tutti (Irmãos Todos) Sobre a Fraternidade e a Amizade Social do Papa Francisco.
Esses documentos expressam a concepção de um humanismo, ao mesmo tempo, transcendente, encarnado e histórico. É a expressão de um sonho e uma utopia de um outro mundo possível, que exige uma decisão ética, histórico, superior. É a proposta da prática de uma esperança histórica possível
UM INTERCESSOR:
Eu, como um monge franciscano, rezo, cada dia, por intercessão dos ancestrais, sábios, santos e místicos da Rússia e da Ucrânia, os antepassados dos atuais russos e ucranianos – dos que fazem a guerra e dos que sofrem seus efeitos – ao Criador de todos para que ilumine as mentes e os corações dos beligerantes afim de que se percebam e ajam como irmãos a quem amar, com quem conviver e construir dois países prósperos, e não como inimigos a quem odiar, matar e destruir;
Rezo pelos que são mandados a cometerem crimes de uma guerra de agressão, racionalizada como de autodefesa, a que obedeçam às suas consciências pessoais e não às ordens insensatas e desumanas dos seus dirigentes criminosos;
Rezo, nessa guerra atual, pela genealogia e pelos descendentes e pósteros dos ideólogos, planejadores, mandantes e executores dessa invasão, agressão, destruição de uma nação e de um país irmão.
Frei Basílio de Resende ofm
Noviciado São Benedito
Montes Claros MG
24 de janeiro de 2023
Paz plena. Os líderes religiosos, que ficam presos no labirinto teológico e mental que foi criado por eles no passado, não conseguem entender como Deus Pai age com amor e compreensão para com todos. Eles não conseguem separar as ações do Espírito Santo de Deus Pai das ações dos outros espíritos, que deixaram na terra seus corpos de carne.
(Continuação)... Foi necessário mais 16 séculos para que Deus pudesse revelar a Verdade e assim todos agora podem compreender a Verdade Plena (Jo 16,13). Aqui está oculta uma grande verdade com o relato da Torre de Babel (Gn 11,1 a 9), mas o mesmo deve ser compreendido de uma forma inversa: “Deus desceu no final do século XX para unir os povos”. (25/01/2014).
Paz plena. Veja o que escrevi na pagina 18 do meu livro - A Teologia da Verdade:
Eis o que escrevi na encíclica: “A Alegria do Evangelho” (6g): (“É a união dos povos, que, na ordem universal, conservam a sua própria peculiaridade; é a totalidade das pessoas em uma sociedade que procura um bem comum que verdadeiramente incorpore a todos”. Pág. 133 – Item 236). Em função do labirinto das ideias, que foi criado pelos seguidores de Jesus nos quatro primeiros séculos da Era Cristã, ficou quase impossível para que o Espírito de Deus continuasse revelando a Verdade. (Continua)
Paz plena. A solução dessa e de outras guerras entre os seres humanos só virá por meio da compreensão da Verdade, que liberta e plena (Jo 8,32 e 16,13).