DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE E PATRONO DA ECOLOGIA
- Frei Basílio de Resende ofm
- 9 de mai. de 2023
- 18 min de leitura
Foi-me solicitado um texto dissertativo de uma página sobre dia 05 de junho, o dia mundial do meio ambiente, e sobre São Francisco de Assis, patrono da Ecologia.
Fiz uma pequena nota sobre o tema pedido; é o pimeiro ítem deste post.
Quis apresentar uns acréscimos sobre o tema Meio Ambiente, Ecologia, Casa Comum: a declaração de Estocolmo, e as conferências das Nações Unidas sobre o tema, um testemunho de Albert Schweitzer, e uma palavra do Papa Francisco. Sobretudo relembrar a importância de sua encíclica Laudalto Si.
DIA 05 DE JUNHO – DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE
FRANCISCO DE ASSIS E A ECOLOGIA.
1. Por que o dia 05 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente?
2. E que relação tem Francisco de Assis com a Ecologia?
Por que o dia 05 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente?
O dia 05 de junho, foi indicado como o Dia Mundial do Meio Ambiente, porque nesse dia em 1972, em Estocolmo, inaugurou-se a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, sobre a Saúde do Planeta. A Conferência durou de 05 a 16 de junho de 1972. Contou com representantes de 113 países.
Tratou da poluição atmosférica, a poluição da água e do solo. Foi elaborada uma memorável Declaração de Estocolmo com 26 princípios e criou-se o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Vale à pena rever o parágrafo final dessa Declaração de Estocolmo:
Princípio 26
“É preciso livrar o ser humano e seu meio ambiente dos efeitos das armas nucleares e de todos os demais meios de destruição em massa. Os Estados devem-se esforçar para chegar logo a um acordo – nos órgãos internacionais pertinentes – sobre a eliminação e a destruição completa de tais armas.”
Com o Dia Mundial, estendeu-se a Semana do Meio Ambiente, de 01 a 05 de junho. Para cada ano elege-se um país como sede e um tema. Neste ano de 2023, a sede é Abidjan, Costa do Marfim, África. E o tema é: “Soluções para a Poluição Plástica”.
Que relação tem Francisco de Assis com a Ecologia?
São Francisco de Assis, nasceu em 1182 e morreu em 1226, na pequena República de Assis, na Úmbria, Itália.
Uma alma de poeta, fascinada pelas belezas da natureza e pelas belezas das relações humanas. Um homem medieval, filho de um rico e ambicioso comerciante, numa mudança de época, com os sonhos de grandezas épicas.
Apaixonado por tudo que via na natureza, nas pessoas, nos sonhos e ideais da alma humana, voltou-se agradecido para o invisível Criador de tudo o que era visível e belo. Reconhecia a face desse Criador, na pessoa do homem Jesus de Nazaré. Via nele a Encarnação do Verbo que tudo criou, que se fez pobre ao nascer entre animais em Belém, viveu e anunciou o Reino de Deus, um Reino de irmãos em paz, reuniu amigos e discípulos, aceitou ser condenado à morte da Cruz; mas, antes, deixou um sinal de sua memória, do seu amor até o extremo.
São Francisco identificou-se com esse Jesus, que amou o Pai e o mundo criado por Ele e cada criaturinha da natureza. E tornou-se o pregador de um mundo em que todos os seres da natureza – o sol, a lua e as estrelas, o ar e o vento, a água, a terra – e também os seres vivos – os peixes, pássaros e animais – e os seres humanos todos, a começar pelos mais pobrezinhos são uma dádiva específica da benevolência do Criador. Somos todos irmãos, porque obras de um mesmo Pai e Senhor. E pensava que todos os seres, - especialmente os mais pequeninos, frágeis e vulneráveis - devem merecer o respeito, o cuidado e a proteção, porque são obras do Criador e Pai
Por isso o Papa São João Paulo II, em 1979, o proclamou Patrono da Ecologia.
E no seguimento do movimento e dos ideais de um homem medieval, do Século XIII, numa mudança de época, um outro homem, pós-moderno, também em uma mudança de época, ao ser elevado à Cátedra de São Pedro, como Bispo de Roma, tomou o seu nome: Papa Francisco. Um cristão, discípulo e missionário de Cristo e de seu Evangelho, reformador do Igreja como Francisco de Assis, que recebera o apelo do Crucificado de São Damião: “Francisco restaura minha Igreja, como você vê está em ruinas.” (LM 2,1;2Cel 10; 3Cel 2; LTC, 13).
O de Assis foi a Roma, pedir a autorização do Sucessor de Pedro para seu movimento.
Agora, o de Roma, Sucessor de Pedro, vai a Assis, solicitar a inspiração do pobrezinho.
Ambos ungidos de uma mesma e urgente missão: RESTAURAR A IGREJA, RESTAURAR O SER HUMANO E O MUNDO.
Dois Franciscos, e um só Evangelho, um mesmo ímpeto e movimento espiritual para renovar os corações e as almas humanas, as relações humanas entre indivíduos, grupos, comunidades, sociedades, povos, nações, civilizações, culturas, religiões, cosmovisões. Que cuidem de Si Mesmos como Pessoas amadas pelo Criador e Pai, que cuidem da Casa Comum, que cuidem da Fraternidade e da Amizade Social.
O de Assis, escreveu um poema - autêntico retrato de sua alma e testamento espiritual: “O CÂNTICO DO IRMÃO SOL” (Cnt, 104).
O de Roma, publicou dois apelos urgentes e dramáticos aos seus contemporâneos, às atuais sociedades pós-modernas – um autêntico grito da consciência ética cósmica humanista, imanente e transcendente: “LAUDATO SI – Sobre o Cuidado da Casa Comum” e “FRATELLI TUTTI – Sobre a Fraternidade e a Amizade Social”.
Na sua encíclica sobre a Ecologia, Laudato Si, n.10, o Papa Francisco diz porque escolheu o nome de Francisco: viu em Francisco de Assis, “um modelo belo e motivador”; tomou “o seu nome por guia e inspiração”; viu nele “o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade”; pois ele “é o santo padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado também por muitos que não são cristãos”; ele “manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados”; ele “Amava e era amado pela sua alegria, a sua dedicação generosa, o seu coração universal.”; “Era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e em um maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e com si mesmo.”; “nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior.” (LS 10).
Para terminar, retomo e enfatizo essas 4 dimensões de uma pessoa completa, militante por um ideal humano, histórico e concreto:
1. A preocupação e cuidado pela natureza;
2. A justiça social, especialmente a atenção aos mais vulneráveis;
3. A ação cultural e política na sociedade;
4. O cuidado por si mesmo: a serenidade e a paz interior.
Frei Basílio de Resende ofm
Noviciando São Benedito
Montes Claros MG
E-mail: freibasilioofm@hotmail.com
Blog: freibasilioderesende.org
21 de abril de 2023.
CONTINUANDO NO MESMO TEMA:
O SER HUMANO
- UM SER IMANENTE E TRANSCENDENTE, EM SEU HABITAT -
O MEIO AMBIENTE,
BIODIVERSIDADE,
BIOÉTICA,
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1. A VOZ DAS NACÕES UNIDAS
Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a Saúde do Planeta, com representantes de 113 países, em Estocolmo, na Suécia, de 05 a 16 de junho de 1972.
Essa Conferência teve como objetivo: “Chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais que até então eram considerados por muitos como inesgotáveis.”
- Conscientizar a população mundial para os problemas de contaminação ambiental e de nossa responsabilidade em cuidar, proteger, recuperar e regenerar os ecossistemas.
- Preservar o meio ambiente é fundamental, pois é nele que estão os recursos naturais necessários para a nossa sobrevivência, como a água, o ar, os alimentos e as matérias primas.
- Foi elaborada e publicada a Declaração de Estocolmo, com 26 princípios, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. instituiu-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, dia 05 de junho, o da abertura da Conferência. Posteriormente se instituiu a semana do Meio Ambiente, de 01 a 05 de junho; e Década do Meio Ambiente de 2021 a 2030.
Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano – 1972
Declaração de Estocolmo.
(Tradução não oficial, original em inglês abaixo da versão em português.)
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano,
Proclama que:
1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.
3. O homem deve fazer constante avaliação de sua experiência e continuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua existência. Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso redor vemos multiplicar-se as provas do dano causado pelo homem em muitas regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências, nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e trabalha.
4. Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais estão motivados pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas seguem vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para uma existência humana digna, privada de alimentação e vestuário, de habitação e educação, de condições de saúde e de higiene adequadas. Assim, os países em desenvolvimento devem dirigir seus esforços para o desenvolvimento, tendo presente suas prioridades e a necessidade de salvaguardar e melhorar o meio ambiente. Com o mesmo fim, os países industrializados devem esforçar-se para reduzir a distância que os separa dos países em desenvolvimento. Nos países industrializados, os problemas ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o desenvolvimento tecnológico.
5. O crescimento natural da população coloca continuamente, problemas relativos à preservação do meio ambiente, e devem-se adotar as normas e medidas apropriadas para enfrentar esses problemas. De todas as coisas do mundo, os seres humanos são a mais valiosa. Eles são os que promovem o progresso social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a tecnologia e, com seu árduo trabalho, transformam continuamente o meio ambiente humano. Com o progresso social e os avanços da produção, da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de melhorar o meio ambiente aumenta a cada dia que passa.
6. Chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos atos em todo o mundo com particular atenção às consequências que podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do homem. As perspectivas de elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas.
7. Para se chegar a esta meta será necessário que cidadãos e comunidades, empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as responsabilidades que possuem e que todos eles participem equitativamente, nesse esforço comum. Homens de toda condição e organizações de diferentes tipos plasmarão o meio ambiente do futuro, integrando seus próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações locais e nacionais, e suas respectivas jurisdições são as responsáveis pela maior parte do estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem aos países em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número cada vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção de medidas para as organizações internacionais, no interesse de todos. A Conferência encarece aos governos e aos povos que unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do homem e de sua posteridade.
PRINCÍPIOS
Expressa a convicção comum de que:
Princípio 1
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem[1]estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas.
Princípio 2
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
Princípio 3
Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis.
Princípios 4
O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave perigo, devido a uma combinação de fatores adversos. Consequentemente, ao planificar o desenvolvimento econômico deve-se atribuir importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres.
Princípio 5
Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização.
Princípio 6
Deve-se por fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros materiais que liberam calor, em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não se causem danos graves e irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a poluição.
Princípio 7
Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis para impedir a poluição dos mares por substâncias que possam por em perigo a saúde do homem, os recursos vivos e a vida marinha, menosprezar as possibilidades de derramamento ou impedir outras utilizações legítimas do mar.
Princípio 8
O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria da qualidade de vida.
Princípio 9
As deficiências do meio ambiente originárias das condições de subdesenvolvimento e os desastres naturais colocam graves problemas. A melhor maneira de saná-los está no desenvolvimento acelerado, mediante a transferência de quantidades consideráveis de assistência financeira e tecnológica que complementem os esforços internos dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna que possam requerer.
Princípio 10
Para os países em desenvolvimento, a estabilidade dos preços e a obtenção de ingressos adequados dos produtos básicos e de matérias primas são elementos essenciais para o ordenamento do meio ambiente, já que há de se ter em conta os fatores econômicos e os processos ecológicos.
Princípio 11
As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com vistas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as consequências econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas ambientais, nos planos nacional e internacional.
Princípio 12
Recursos deveriam ser destinados para a preservação e melhoramento do meio ambiente tendo em conta as circunstâncias e as necessidades especiais dos países em desenvolvimento e gastos que pudessem originar a inclusão de medidas de conservação do meio ambiente em seus planos de desenvolvimento, bem como a necessidade de oferecer[1]lhes, quando solicitado, mais assistência técnica e financeira internacional com este fim.
Princípio 13
Com o fim de se conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e melhorar assim as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado de planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique assegurada a compatibilidade entre o desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em benefício de sua população.
Princípio 14
O planejamento racional constitui um instrumento indispensável para conciliar às diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente.
Princípio 15
Deve-se aplicar o planejamento aos assentamentos humanos e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos. A este respeito devem-se abandonar os projetos destinados à dominação colonialista e racista.
Princípio 16
Nas regiões onde exista o risco de que a taxa de crescimento demográfico ou as concentrações excessivas de população prejudiquem o meio ambiente ou o desenvolvimento, ou onde, a baixa densidade d4e população possa impedir o melhoramento do meio ambiente humano e limitar o desenvolvimento, deveriam se aplicadas políticas demográficas que respeitassem os direitos humanos fundamentais e contassem com a aprovação dos governos interessados.
Princípio 17
Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar ou controlar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente.
Princípio 18
Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social deve-se utilizar a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os problemas ambientais e para o bem comum da humanidade.
Princípio 19
É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
Princípio 20
Devem-se fomentar em todos os países, especialmente nos países em desenvolvimento, a pesquisa e o desenvolvimento científicos referentes aos problemas ambientais, tanto nacionais como multinacionais. Neste caso, o livre intercâmbio de informação científica atualizada e de experiência sobre a transferência deve ser objeto de apoio e de assistência, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais. As tecnologias ambientais devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento de forma a favorecer sua ampla difusão, sem que constituam uma carga econômica para esses países.
Princípio 21
Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.
Princípio 22
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização às vítimas da poluição e de outros danos ambientais que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados causem a zonas fora de sua jurisdição.
Princípio 23
Sem prejuízo dos critérios de consenso da comunidade internacional e das normas que deverão ser definidas a nível nacional, em todos os casos será indispensável considerar os sistemas de valores prevalecentes em cada país, e, a aplicabilidade de normas que, embora 6 válidas para os países mais avançados, possam ser inadequadas e de alto custo social para países em desenvolvimento.
Princípio 24
Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam ter para o meio ambiente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de todos os Estados.
Princípio 25
Os Estados devem assegurar-se de que as organizações internacionais realizem um trabalho coordenado, eficaz e dinâmico na conservação e no melhoramento do meio ambiente.
Princípio 26
É preciso livrar o homem e seu meio ambiente dos efeitos das armas nucleares e de todos os demais meios de destruição em massa. Os Estados devem-se esforçar para chegar logo a um acordo – nos órgãos internacionais pertinentes - sobre a eliminação e a destruição completa de tais armas.
21a reunião plenária 16 de junho de 1972
da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
Estocolmo, Suécia
United Nations Conference on the Human Environment, 5-16 June 1972, Stockholm
Background
The first world conference on the environment
The 1972 United Nations Conference on the Human Environment in Stockholm was the first world conference to make the environment a major issue. The participants adopted a series of principles for sound management of the environment including the Stockholm Declaration and Action Plan for the Human Environment and several resolutions.
The Stockholm Declaration, which contained 26 principles, placed environmental issues at the forefront of international concerns and marked the start of a dialogue between industrialized and developing countries on the link between economic growth, the pollution of the air, water, and oceans and the well-being of people around the world.
The Action Plan contained three main categories: a) Global Environmental Assessment Programme (watch plan); b) Environmental management activities; (c) International measures to support assessment and management activities carried out at the national and international levels. In addition, these categories were broken down into 109 recommendations.
One of the major results of the Stockholm conference was the creation of the United Nations Environment Programme (UNEP).
Documents
Articles
United Nations Conferences | Environment and sustainable development:
·
· Rio 1992
· NY 1997
· NY 2000
· NY 2005
· NY 2008
· NY 2010
· Rio 2012
· NY 2013
· NY 2015
·
2. A VOZ DE UM SÁBIO PROFETA CONTEMPORÂNEO
“Quando o ser humano aprender
a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal,
ninguém precisará ensiná-lo a amar o seu semelhante”
Albert Schweitzer (Kaysersberg, 1875 – Lambaréné, 1965),
Prêmio Nobel da Paz em 1952, “por seu altruísmo, a reverência pela vida, e o incansável trabalho humanitário que ajudou a criar a ideia da fraternidade humana entre as pessoas e as nações como ser.”; recebeu vários outros prêmios. Precursor da Bioética.
3. A VOZ DE UM LÍDER ATUANTE
O Papa Francisco, em sua encíclica “Laudato Si – sobre o Cuidado da Casa Comum”, de 2015, nos adverte para a necessidade e urgência de uma Conversão Ecológica:
“A conversão ecológica
216. A grande riqueza da espiritualidade cristã, proveniente de vinte séculos de experiências pessoais e comunitárias, constitui uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Desejo propor aos cristãos algumas linhas de espiritualidade ecológica que nascem das convicções da nossa fé, pois aquilo que o Evangelho nos ensina tem consequências no nosso modo de pensar, sentir e viver. Não se trata tanto de propor ideias, como sobretudo falar das motivações que derivam da espiritualidade para alimentar uma paixão pelo cuidado do mundo. Com efeito, não é possível empenhar-se em coisas grandes apenas com doutrinas, sem uma mística que nos anima, sem «uma moção interior que impele, motiva, encoraja e dá sentido à ação pessoal e comunitária» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium 261, 2013). Temos de reconhecer que nós, cristãos, nem sempre recolhemos e fizemos frutificar as riquezas dadas por Deus à Igreja, nas quais a espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia.
217. Se «os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornaram tão amplos», (Bento XVI, Homilia no início solene do Ministério Petrino, 24 de Abril de 2005) a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Entretanto temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se burlam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta-lhes, pois, uma conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa.
218. Recordemos o modelo de São Francisco de Assis, para propor uma sã relação com a criação como dimensão da conversão integral da pessoa. Isto exige também reconhecer os próprios erros, pecados, vícios ou negligências, e arrepender-se de coração, mudar a partir de dentro. A Igreja na Austrália soube expressar a conversão em termos de reconciliação com a criação: «Para realizar esta reconciliação, devemos examinar as nossas vidas e reconhecer de que modo ofendemos a criação de Deus com as nossas ações e com a nossa incapacidade de agir. Devemos fazer a experiência duma conversão, duma mudança do coração» (Conferência dos Bispos Católicos da Austrália, A New Earth - The Environmental Challenge, 2002).
219. Todavia, para se resolver uma situação tão complexa como esta que enfrenta o mundo atual, não basta que cada um seja melhor. Os indivíduos isolados podem perder a capacidade e a liberdade de vencer a lógica da razão instrumental e acabam por sucumbir a um consumismo sem ética nem sentido social e ambiental. Aos problemas sociais responde-se, não com a mera soma de bens individuais, mas com redes comunitárias: «As exigências desta obra serão tão grandes, que as possibilidades das iniciativas individuais e a cooperação dos particulares, formados de maneira individualista, não serão capazes de lhes dar resposta. Será necessária uma união de forças e uma unidade de contribuições» (Romano Guardini, Das Ende der Neuzeit, Würzburg, 72, 1965). A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária.
220. Essa conversão comporta várias atitudes que se conjugam para ativar um cuidado generoso e cheio de ternura. Em primeiro lugar, implica gratidão e gratuidade, ou seja, um reconhecimento do mundo como dom recebido do amor do Pai, que consequentemente provoca disposições gratuitas de renúncia e gestos generosos, mesmo que ninguém os veja nem agradeça. «Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita (...); e teu Pai, que vê o oculto, há-de premiar-te» (Mt 6, 3-4). Implica ainda a consciência amorosa de não estar separado das outras criaturas, mas de formar com os outros seres do universo uma estupenda comunhão universal. O crente contempla o mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro, reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres. Além disso a conversão ecológica, fazendo crescer as peculiares capacidades que Deus deu a cada crente, leva-o a desenvolver a sua criatividade e entusiasmo para resolver os dramas do mundo, oferecendo-se a Deus «como sacrifício vivo, santo e agradável» (Rm12, 1). Não vê a sua superioridade como motivo de glória pessoal nem de domínio irresponsável, mas como uma capacidade diferente que, por sua vez, lhe impõe uma grave responsabilidade derivada da sua fé”
(Laudato Si, 216-220, Papa Francisco, 2015)
(Continuação).
Foi necessário mais 16 séculos para que Deus pudesse revelar a Verdade e assim todos agora podem compreender a Verdade Plena (Jo 16,13). Aqui está oculta uma grande verdade com o relato da Torre de Babel (Gn 11,1 a 9), mas o mesmo deve ser compreendido de uma forma inversa: “Deus desceu no final do século XX para unir os povos”. (25/01/2014).
Paz plena.
Veja o que escrevi, após ler o final do item 236 da encíclica “A Alegria do Evangelho” e que está na página 18 do meu livro: A Teologia da Verdade:
“É a união dos povos, que, na ordem universal, conservam a sua própria peculiaridade; é a totalidade das pessoas em uma sociedade que procura um bem comum que verdadeiramente incorpore a todos”. Pág. 133 – Item 236).
Em função do labirinto das ideias, que foi criado pelos seguidores de Jesus nos quatro primeiros séculos da Era Cristã, ficou quase impossível para que o Espírito de Deus continuasse revelando a Verdade. (Continua).
Paz plena.
O grande problema da Igreja está sim na sua doutrina, que tem de ser reformada. O Espírito Santo de Deus veio para reformar a doutrina da Igreja, mas ainda não foi aceito por sua hierarquia a presença de Deus, pois todos estão aprisionados aos princípios sofistas do passado.
Paz plena.
Como me sinto impotente, após ler uma postagem como essa e saber que um homem sem escrúpulo, ambicioso, tirânico e perverso está destruindo um país vizinho, que é a Ucrania, e ainda tem apoio de outros líderes e de seus capachos bajuladores.