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A Missa Sobre O Mundo, de TEILHARD DE CHARDIN (em português, francês e inglês)

  • Foto do escritor: Frei Basílio de Resende ofm
    Frei Basílio de Resende ofm
  • 16 de mai. de 2020
  • 58 min de leitura

Atualizado: 25 de jun. de 2021




A Missa sobre o Mundo

La Messe sur le Monde

The Mass On The World


INTRODUÇÃO


Esta meditação foi inspirada ao padre Teilhard pela impossibilidade em que se achou, em pleno deserto dos Ordos, no decorrer de uma expedição científica, de celebrar a missa.

Era, ao que parece, o dia da Transfiguração, festa que lhe era particularmente querida. Pôs-se então a refletir sobre a irradiação da Presença Eucarística no Universo.

Não confundia, sem dúvida, esta presença, fruto da transubstanciação propriamente dita, com a presença universal do Verbo. A sua fé no mistério eucarístico não era apenas ardente: era tão precisa como firme.

Mas, justamente, era uma fé forte e realista o bastante para o levar à descoberta das suas consequências ou, como ele dizia, dos seus «prolongamentos» e das suas extensões.

Num tempo em que o individualismo habitualmente mascarava ainda a este respeito o ensino total da tradição católica, o padre Teilhard escrevia — e estávamos no ano em que foi redigida A Missa no Altar do Mundo: «Quando Cristo desce sacramentalmente entrando em cada um dos seus fiéis, não é apenas para conversar com ele [...] quando diz, por meio do sacerdote: Hoc est corpus meum; estas palavras transbordam o pedaço de pão sobre o qual são pronunciadas: fazem nascer o Corpo Místico na sua completude.

Para lá da Hóstia transubstanciada, a operação sacerdotal estende-se ao próprio Cosmos. [...] A Matéria inteira sofre, lenta e irresistivelmente, a grande Consagração.» Já em 1917, em O Sacerdote, o padre Teilhard escrevia: «Quando Cristo, prolongando o movimento da sua Encarnação, desce ao interior do pão para o substituir, a Sua ação não se limita à partícula material que a Sua Presença, por um instante, vem volatilizar.

Mas a transubstanciação aureola-se de uma divinização real, embora atenuada, de todo o Universo. Do elemento cósmico em que se inseriu, o Verbo age para subjugar e assimilar a Si tudo o mais.» Vemos nestes textos que o mistério eucarístico era não só afirmado na sua substância precisa, como se distinguia perfeitamente dos efeitos segundos nos quais a sua fecundidade se manifesta: crescimento do Corpo Místico, Consagração do Cosmos.

Textos assim são testemunhos de uma plenitude de fé na qual se manifesta o autêntico paulinismo profundo do padre Teilhard. O sacerdote «mostra-se aqui empenhado, antes do mais, em conferir à sua Missa quotidiana uma função cósmica e dimensões planetárias. [...] É óbvio que isto, no seu pensamento, vem simplesmente acrescentar-se ao sentido teológico mais ortodoxo da Sagrada Eucaristia» (Nicolas Corte, La Vie et l’âme de Teilhard de Chardin, Paris, Fayard, 1957, p. 61).

Um ano depois de ter escrito A Missa no Altar do Mundo, em O Meu Universo, o padre Teilhard esclarecia ainda: «Para se interpretar dignamente o lugar fundamental que a Eucaristia ocupa na economia do Mundo [...], penso ser necessário dar-se um grande lugar, na oração e no pensamento cristãos, às extensões reais e físicas da Presença Eucarística [...]. Do mesmo modo que chamamos apropriadamente «nosso corpo» ao centro local da nossa irradiação espiritual [...], deve dizer-se que o Corpo inicial, o Corpo primário de Cristo, se limita às espécies do pão e do vinho. Mas [...] a Hóstia é como um núcleo ardente a partir do qual a sua chama irradia e se difunde [...].» (N. M. WILDIERS Doutor em Teologia).

0 padre Teilhard não podia ter escrito A Missa no Altar do Mundo na Páscoa de 1923, como referiram alguns seus amigos de Pequim, uma vez que só chegou a Ordos em Agosto do mesmo ano. Deve ter havido uma confusão entre as duas festas da Glória de Cristo. Em diferentes ocasiões, o padre Teilhard exprimiu a sua atração espiritual pela festa da Transfiguração (N. D

. E.).


OFERENDA


Visto que, uma vez mais, Senhor, já não nas florestas do Aisne, mas nas estepes da Ásia, não tenho nem pão, nem vinho, nem altar, elevar-me-ei acima dos símbolos até à pura majestade do real, e oferecer-vos-ei, eu, Vosso sacerdote, no altar da Terra inteira, o trabalho e a dor do Mundo.


O sol acaba de iluminar, ao longe, a franja extrema do primeiro Oriente. Uma vez mais, sob o pano movente dos seus lumes, a superfície viva da terra desperta, estremece, e recomeça o seu labor tremendo.


Colocarei na minha patena, ó meu Deus, a colheita esperada deste novo esforço. Derramarei no meu cálice a seiva de todos os frutos que serão hoje esmagados. O meu cálice e a minha patena são as profundidades de uma alma largamente aberta a todas as forças que, dentro de um instante, se elevarão de todos os pontos do Globo e convergirão a caminho do Espírito.


Venham, pois, a mim a recordação e a presença mística daqueles que a luz desperta para uma nova jornada!


Um a um, Senhor, que eu os veja e os ame, aqueles que me destes como sustento e encanto naturais da minha existência. Um a um, também, quero contá-los, aos membros dessa outra e tão querida família que, pouco a pouco, à minha volta, foram reunidos a partir dos elementos mais díspares, pelas afinidades do coração, da investigação científica e do pensamento. Mais confusamente, mas todos sem exceção, evoco ainda aqueles cuja concentração anônima forma a massa inumerável dos seres vivos: os que me rodeiam e me apoiam sem que eu os conheça; os que chegam e os que partem; aqueles sobretudo que, na verdade ou através do erro, à sua mesa de trabalho em seu escritório, no seu laboratório ou na fábrica, acreditam no progresso das Coisas, e hoje apaixonadamente correrão atrás da luz.


Esta multidão agitada, confusa ou distinta, cuja imensidão nos assombra, este Oceano Humano cujas oscilações lentas e monótonas lançam a perturbação nos corações mais crentes, - quero que, neste momento, em meu ser ressoe o seu murmúrio profundo.


Tudo o que aumentará no Mundo, ao longo deste dia, tudo o que diminuirá, tudo o que morrerá, igualmente, eis, Senhor, o que me esforço por recolher em mim para Vo-lo oferecer; eis a matéria do meu sacrifício, o único de que tendes vontade.


Outrora, eram trazidas ao vosso templo as primícias das colheitas e a flor dos rebanhos. A oferenda que verdadeiramente esperais, aquela de que misteriosamente necessitais a cada dia para apaziguar a vossa fome, para estancar a vossa sede, é nada menos do que o crescimento do Mundo arrebatado pelo vir a ser universal.


Recebei, Senhor, esta Hóstia total que a Criação, movida pelo Vosso apelo, Vos apresenta na nova aurora. Este pão do nosso esforço não é, por si próprio, bem o sei, mais do que uma imensa desagregação. Este vinho da nossa dor não é ainda, por desgraça, mais do que uma bebida dissolvente. Mas, no fundo desta massa informe, Vós pusestes — tenho a certeza porque o sinto — um desejo irresistível e santificador que nos faz gritar a todos, do ímpio ao fiel: «Senhor, fazei-nos um!»


Porque, à falta do zelo espiritual e da sublime pureza dos Vossos Santos, Vós me destes, ó meu Deus, uma simpatia irresistível por tudo o que se move na matéria obscura — porque, irremediavelmente reconheço em mim, bem mais do que um filho do Céu, um filho da Terra —, subirei, esta manhã, em pensamento, aos altos lugares, carregado com as esperanças e as misérias da minha mãe; e daí — com a força de um sacerdócio que só Vós, como creio, me destes —, sobre tudo o que, na Carne Humana, se prepara para nascer ou perecer sob o Sol que se ergue, invocarei o Fogo.

O FOGO POR CIMA DO MUNDO


O Fogo, somos dominados pela ilusão tenaz de que este princípio do ser vem das profundezas da Terra, e de que a sua chama se acende progressivamente ao longo da brilhante esteira da Vida. Vós fizestes-me a graça, Senhor, de compreender que tal visão era falsa, e que, para Vos entrever, eu teria de contrariá-la. No começo, havia a força inteligente, amante e ativa. No começo, havia o Verbo soberanamente capaz de submeter e amassar toda a Matéria por nascer. No começo, não havia o frio nem as trevas; havia o Fogo. Tal é a Verdade.


Assim, pois, muito longe de ser da nossa noite que gradualmente jorra a luz, é a luz anterior que, paciente e infalivelmente, elimina as nossas sombras. Nós, criaturas, somos, por nós mesmos, o Escuro e o Vazio. Vós sois, meu Deus, o próprio fundo e a estabilidade do Meio Eterno, sem duração nem espaço, onde, gradualmente, o nosso Universo emerge e se completa, perdendo os limites que no-lo faziam parecer tão grande. Tudo é ser, só há ser em toda a parte, fora da fragmentação das criaturas e da oposição dos seus átomos.


Espírito ardente, Fogo fundamental e pessoal, Termo real de uma união mil vezes mais bela e desejável do que a fusão destruidora imaginada por qualquer panteísmo, dignai-Vos, uma vez mais, descer, para lhe dar uma alma, sobre esta frágil película de matéria nova com que se vai, hoje, envolver o Mundo.


Eu sei. Não está ao nosso alcance ditar, ou antecipar sequer, o mínimo dos Vossos gestos. Vossas, todas as iniciativas, a começar pela da minha oração.


Verbo cintilante, Força ardente, Vós que amassais o Múltiplo para lhe insuflar a vossa vida, baixai, rogo-Vos, sobre nós as Vossas mãos poderosas, as Vossas mãos protetoras, as Vossas mãos onipresentes, essas mãos que não tocam nem aqui, nem ali (como faria uma mão humana), mas que, misturadas à profundidade e à universalidade presente e passada das Coisas, nos atingem simultaneamente através de tudo o que há de mais vasto e de mais interior, em nós e em redor de nós.


Com essas mãos invencíveis, preparai, por uma adaptação suprema, para a grande obra que meditais, o esforço terrestre cuja totalidade, neste momento, concentrada no meu coração, Vos apresento. Remodelai este esforço, retificai-o, refundi-o nas suas origens, Vós que sabeis porque é impossível que a criatura nasça de outro modo que não seja sustentada pelo caule de uma evolução interminável. E agora, pronunciai sobre ele, pela minha boca, a palavra dupla e eficaz, sem a qual tudo oscila, tudo se desliga, na nossa sabedoria e na nossa experiência, com a qual tudo se reúne e tudo se consolida a perder de vista nas nossas especulações e na nossa prática do Universo.


Sobre toda a vida que vai germinar, crescer, florir e amadurecer neste dia de hoje, repeti: «Este é o meu corpo.» E, sobre toda a morte que se prepara para corroer, para pisar, para cortar, ordenai (mistério de fé por excelência!): «Este é o Meu sangue!».


O FOGO NO MUNDO


Aconteceu.


O Fogo, uma vez mais, penetrou a Terra.


Não caiu fragorosamente sobre os cumes, como o relâmpago no seu fulgor. Forçará o Mestre as portas para entrar em sua casa?


Sem abalo, sem trovões, a chama tudo iluminou pelo lado de dentro: Do coração do menor átomo à energia das leis mais universais, invadiu de maneira tão natural, individualmente e no seu conjunto, cada elemento, cada mola, cada ligação do nosso Cosmos, que este, quase poderíamos julgá-lo, como que espontaneamente se inflamou.


Na nova Humanidade que hoje se engendra, o Verbo prolongou o ato sem fim do seu nascimento; e, pela virtude da sua imersão no seio do Mundo, as grandes águas da Matéria, sem um frémito, carregaram-se de vida. Nada estremeceu, aparentemente, sequer sob a transformação inefável. E, contudo, misteriosa e realmente, ao contacto da Palavra substancial, o Universo, imensa Hóstia, fez-se Carne. Toda a matéria passou a ser encarnada doravante, meu Deus, por meio da Vossa Encarnação.


O Universo: de há muito os nossos pensamentos e as nossas experiências humanas nele haviam reconhecido essas estranhas propriedades que tão semelhante o fazem a uma Carne...


Como a Carne, o Universo decompõe-se e escapa-nos sob o trabalho das nossas análises, das nossas degradações, e da sua própria duração.


Como a Carne, só se deixa enlaçar deveras no esforço sem fim visando atingi-lo sempre para além do que nos é dado.


Esta mistura perturbante de proximidade e de distância, todos a sentimos, Senhor, ao nascer. E não há, na herança de dor e de esperança que as épocas transmitem umas às outras, não há nostalgia mais desolada do que aquela que faz o Homem chorar de irritação e de desejo no seio da Presença que flutua implacável e anónima, em todas as coisas, à sua volta: «Si forte attrectem eum


Agora, Senhor, pela Consagração do Mundo, a claridade e o perfume que flutuam no Universo tomam para mim corpo e rosto em Vós. O que o meu pensamento hesitante entrevia, o que o meu coração reclamava por meio de um desejo inverosímil, eis que magnificamente mo dais: que as criaturas sejam não só de tal modo solidárias entre si que nenhuma possa existir sem todas as outras para a rodearem, mas que estejam de tal modo suspensas de um mesmo centro real que é uma verdadeira Vida, sofrida em comum, o que lhes dá, em última análise, a sua consistência e a sua união.


Fazei desabrochar, meu Deus, pela audácia da Vossa Revelação, a timidez de um pensamento pueril que não ouse conceber nada mais vasto, nem mais vivo, no mundo do que a miserável perfeição do nosso organismo humano! No caminho de uma compreensão mais ousada do Universo, os filhos do século ultrapassam todos os dias os mestres de Israel. Vós, Senhor Jesus, «em quem todas as coisas encontram a sua consistência», revelai-Vos enfim aos que Vos amam, como a Alma superior e o Núcleo físico da Criação. Nisso se joga a nossa vida, não o vedes? Se, pelo meu lado, não pudesse acreditar que a Vossa Presença real anima, flexibiliza, reconforta a menor das energias que me penetram ou me roçam, acaso não morreria eu, transido de frio, na medula do meu ser?


Agradeço-Vos, meu Deus, por terdes, de mil maneiras, conduzido o meu olhar, levando-o a descobrir a simplicidade imensa das Coisas! Pouco a pouco, sob o desenvolvimento irresistível das aspirações que depusestes em mim quando eu era ainda criança, sob a influência de amigos excepcionais que apareceram no momento exacto no meu caminho para iluminar e fortalecer o meu espírito, sob o efeito do despertar de iniciações terríveis e cheias de doçura cujos círculos me fizestes transpor uns a seguir aos outros, acabei por nada ser capaz de ver ou respirar fora do meio onde tudo é apenas Um.


Neste momento em que a Vossa Vida acaba de entrar, com um vigor acrescido, no Sacramento do Mundo, saborearei, com uma consciência acrescida, a embriaguez calma e forte de uma visão cujas coerência e harmonias não consigo esgotar.


O que experimento, diante e dentro do Mundo assimilado pela Vossa Carne, transformado em Vossa Carne, meu Deus, não é nem a absorção do monista ávido de se fundir na unidade das coisas, nem a emoção do pagão prostrado aos pés de uma divindade tangível, nem o abandono passivo do quietista sacudido ao sabor das energias místicas.


Tomando destas diversas correntes qualquer coisa da sua força sem me agarrar a nenhum escolho, a atitude em que me fixa a Vossa Presença universal é uma síntese admirável onde se misturam, corrigindo-se, três das mais temíveis paixões que alguma vez podem confundir um coração humano.


Como o monista, mergulho na Unidade total, mas a Unidade que me recebe é tão perfeita que nela sei achar, perdendo-me, a conclusão última da minha individualidade.


Como o pagão, adoro um Deus palpável. Chego a tocá-lo, esse Deus, em toda a superfície e toda a profundidade do Mundo da Matéria em que me encontro tomado. Mas, para o captar como quereria (para simplesmente continuar a tocá-lo), preciso de ir sempre mais longe, através e para lá de toda a preensão, sem jamais poder repousar em nada, a cada instante transportado pelas criaturas e ultrapassando-as a cada instante, num acolhimento contínuo e num contínuo desprendimento.


Como o quietista, deixo-me embalar, deliciado, pela Fantasia divina. Mas, ao mesmo tempo, sei que a Vontade divina só me será, a cada momento, revelada no limite do meu esforço. Só tocarei Deus na Matéria, como Jacob, quando tiver sido vencido por ele.


Assim, porque me apareceu o Objeto definitivo, total, segundo o qual se dispõe a minha natureza, as potências do meu ser começam a vibrar espontaneamente seguindo uma Nota Única, incrivelmente rica, em que distingo, unidas sem esforço, as tendências mais opostas: a exaltação de agir e a alegria de suportar; a volúpia de me conter e a febre de ultrapassar; o orgulho de crescer e a felicidade de desaparecer no que é maior do que eu.


Enriquecido pela seiva do Mundo, ascendo na direção do Espírito que me sorri para além de toda a conquista, envolvido pelo esplendor concreto do Universo. E não saberia dizer, perdido no mistério da carne divina, qual das duas beatitudes é mais radiosa: ter encontrado o Verbo para dominar a Matéria, ou possuir a Matéria para alcançar e suportar a luz de Deus.


Fazei, Senhor, com que, para mim, a Vossa descida ao interior das Espécies universais não só seja querida e acariciada como o fruto de uma especulação filosófica, mas se torne para mim uma verdadeira Presença real. Em potência e por direito, queiramo-lo ou não, Vós encarnastes no Mundo, e nós vivemos suspensos de Vós. Mas, no fundo, muito falta (falta tanto!) ainda para que Vós Vos torneis igualmente próximo.


Transportados, todos juntos, no seio de um mesmo Mundo, formamos todavia, cada um de nós, o nosso pequeno Universo onde a Encarnação se opera independentemente, com uma intensidade e matizes incomunicáveis. E é por isso que, na nossa oração sobre o altar, pedimos que se faça para nós a consagração: «Ut nobis Corpus et Sanguis fiat». Se creio firmemente que tudo, à minha volta, é o Corpo e o Sangue do Verbo, então para mim (e em certo sentido só para mim), produz-se a maravilhosa «Diafania» que faz transparecer objetivamente na profundidade de todo fato e de todo o elemento o calor luminoso de uma mesma Vida. Se a minha fé por desgraça afrouxa, logo a luz se apaga, tudo se torna obscuro, tudo se decompõe.


No dia que começa, Senhor, acabais de descer até nós. Mas, ai, para os acontecimentos que se preparam, e pelos quais passaremos todos, que infinita diversidade nos graus da Vossa Presença! Nas mesmas circunstâncias, exatamente, que se aprestam para me envolver e envolver os meus irmãos, podeis ser um pouco, muito, cada vez mais, ou nada.


Para que nenhum veneno hoje me afete, para que nenhuma morte me mate, para que nenhum vinho me embriague, para que em toda a criatura eu Vos descubra e Vos sinta, Senhor, fazei com que eu acredite!


COMUNHÃO

Se o Fogo desceu ao coração do Mundo, foi por fim para me tomar e me absorver. A partir de então, não basta que eu o contemple e que, por uma fé preservada, intensifique sem parar à minha volta o seu ardor. É preciso que, depois de ter cooperado, com todas as minhas forças, na Consagração que o faz jorrar, consinta enfim na Comunhão que lhe dará, na minha pessoa, o alimento que ele veio por fim buscar.


Prostro-me, meu Deus, diante da Vossa Presença no Universo volvido ardente e, sob os traços de tudo o que eu encontrar, e de tudo o que me acontecer, e de tudo o que realizar no dia de hoje, desejo-Vos e espero-Vos.


É terrível termos nascido, quer dizer, sermos irrevogavelmente levados, sem o termos querido, por uma torrente formidável de energia que parece querer destruir tudo o que consigo arrasta.


Eu quero, meu Deus, que por meio de uma inversão de forças de que só Vós podeis ser autor, o pavor que me toma diante das alterações sem nome que se preparam para renovar o meu ser se mude numa alegria transbordante de ser transformado em Vós.


Sem hesitar, primeiro, estenderei a mão para o pão escaldante que me apresentais.


Nesse pão, onde encerrastes o germe de todo o desenvolvimento, reconheço o princípio e o segredo do futuro que me reservais. Tomá-lo é entregar-me, eu sei, às potências que dolorosamente me arrancarão a mim próprio para me impelirem para o perigo, para o trabalho, para a renovação contínua das ideias, para o austero desprendimento nas afeições. Comê-lo é contrair, pelo que em tudo está acima de tudo, um gosto e uma afinidade que me tornarão doravante impossíveis as alegrias em que se retemperava a minha vida. Senhor Jesus, aceito ser possuído por Vós, e levado pela inexprimível força do Vosso Corpo, a que ficarei ligado, para solidões às quais, sozinho, nunca ousaria subir. Instintivamente, como todo o homem, gostaria de armar aqui em baixo a minha tenda num cimo que escolhesse. Tenho medo, também, como todos os meus irmãos, do futuro demasiado misterioso e demasiado novo para que me empurra o tempo que passa. E depois pergunto a mim próprio, ansiando com eles, para onde irá a vida...


Possa esta Comunhão do pão com o Cristo revestido das forças que dilatam o Mundo libertar-me da minha timidez e da minha despreocupação! Lanço-me, ó meu Deus, atendo-me à Vossa palavra, no turbilhão das lutas e das energias em que se desenvolverá o meu poder de captar e de experimentar a Vossa Sagrada Presença.


Àquele que amar apaixonadamente Jesus oculto nas forças que fazem crescer a Terra, a Terra, maternalmente, levantá-lo-á nos seus braços gigantescos, e fá-lo-á contemplar o rosto de Deus.


Se o Vosso reino, meu Deus, fosse deste Mundo, bastaria, para Vos ter, que eu me confiasse às forças que nos fazem sofrer e morrer aumentando-nos de modo palpável, a nós ou ao que nos é mais querido do que nós próprios. Mas, porque o Termo em direção ao qual a Terra se move está para além não só de cada coisa individual mas do conjunto das coisas —, porque o trabalho do Mundo consiste não em engendrar em si próprio uma qualquer realidade suprema, mas em consumir-se através da união num Ser pré-existente — acontece que, para alcançar o centro em chamas do Universo, não basta ao Homem viver cada vez mais para si próprio, nem mesmo entregar a sua vida a uma causa terrestre, por maior que esta seja.


O Mundo só pode ir ao Vosso encontro, Senhor, através de uma espécie de inversão, de reviravolta, de ex-centração em que por um tempo se afunda, não só o êxito dos indivíduos, mas a própria aparência de qualquer benefício humano.


Para que o meu ser seja decididamente anexado pelo Vosso, é preciso que morra em mim, não só a mônada, mas o Mundo, quer dizer, que eu atravesse a fase dilacerante de uma diminuição que nada de tangível virá compensar. É por isso que, recolhendo no cálice a amargura de todas as separações, de todas as limitações, de todas as decadências estéreis, Vós mo estendeis. «Bebei todos.»


Como recusaria eu este cálice, Senhor, agora que pelo pão que me fizestes provar se insinuou na medula do meu ser a paixão inextinguível de me juntar a Vós, mais longe do que a vida, atravessando a morte.


A Consagração do Mundo permaneceria inacabada, há pouco ainda, se não tivésseis animado com a Vossa predileção, para aqueles que acreditariam, as forças que matam, a seguir às que vivificam. A minha Comunhão estaria agora incompleta (não seria, muito simplesmente, cristã) se, com os suplementos que este novo dia me traz, eu não recebesse, em meu nome e em nome do Mundo, como a mais direta participação em Vós, o trabalho, surdo ou manifesto, de enfraquecimento, de velhice e de morte que incessantemente mina o Universo, para a sua salvação ou sua condenação.


Abandono-me desmedidamente, ó meu Deus, às ações tremendas de dissolução através das quais se substituirá hoje, quero crer cegamente, à minha personalidade estreita a Vossa divina Presença.


Àquele que tiver apaixonadamente amado Jesus oculto nas forças que fazem morrer a Terra, a Terra apertá-lo-á ao desfalecer nos seus braços de gigante, e ei-lo que, com ela, despertará no seio de Deus.


ORAÇÃO


E agora, Jesus, que, velado pelas potências do Mundo, Vos tornastes fisicamente e em verdade tudo para mim, tudo à minha volta, tudo em mim, porei numa mesma aspiração a embriaguez do que possuo e a sede do que me falta, e repetir-vos-ei, na esteira do Vosso servidor, as palavras inflamadas onde cada vez mais exatamente se reconhecerá, segundo a minha fé inabalável, o Cristianismo de amanhã:


«Senhor, encerrai-me no mais profundo das entranhas do Vosso Coração. E, quando aí me tiverdes, queimai-me, purificai-me, inflamai-me, sublimai-me, até à satisfação perfeita dos Vossos gostos, até ao mais completo aniquilamento de mim próprio.»

«Tu autem, Domine mi, include me in imis visceribus Cordis tui. Atque ibi me detine, excoque, expurga, accende, ignifac, sublima, ad purissimum Cordis tui gustum atque placitum, ad puram annihilationem meam.»


«Senhor.» Oh, sim, finalmente! Pelo duplo mistério da Consagração e da Comunhão universais, eis que descobri alguém a quem posso, de todo o coração, dar este nome!


Enquanto não soube ou não ousei ver em Vós, Jesus, mais do que o homem de há dois mil anos, o Moralista sublime, o Amigo, o Irmão, o meu amor permaneceu tímido e embaraçado. Amigos, irmãos, sábios, não os teremos muito grandes, muito raros e mais próximos, à nossa volta? E, de resto, poderá o Homem dar-se plenamente a uma natureza simplesmente humana?


Desde sempre que o Mundo acima de todo o Elemento do Mundo me tomou o coração, e nunca, diante de mais ninguém, eu me teria sinceramente curvado. Depois, por muito tempo, embora crendo, errei sem saber o que amava.


Mas hoje que, pela manifestação dos poderes sobre-humanos que a Ressurreição Vos conferiu, transpareceis para mim, Mestre, através de todas as potências da Terra, reconheço-Vos como meu Soberano e a Vós me entrego deliciosamente.


Estranhos procedimentos os do Vosso Espírito, meu Deus! — Quando, há dois séculos, começou a fazer-se sentir, na Vossa Igreja, o apelo distintivo do Vosso Coração, pôde parecer que aquilo que seduzia as almas era a descoberta, em Vós, de um elemento mais determinado, mais circunscrito, do que a Vossa própria Humanidade. Ora, eis que hoje, inversão súbita, se torna evidente o modo como, através da «revelação» do Vosso Coração, quisestes sobretudo, Jesus, fornecer ao nosso amor o meio de escapar ao que havia de demasiado estreito, de demasiado preciso, de demasiado limitado, na imagem que fazíamos de Vós.


No centro do Vosso peito, apenas vejo uma fornalha; e, quanto mais fixo esse núcleo ardente, mais me parece que, a toda a volta, se fundem os contornos do Vosso Corpo, que crescem para além de toda a medida até eu já não distinguir em Vós outros traços que não sejam os da figura de um Mundo inflamado.


Cristo glorioso; Influência secretamente difundida no seio da Matéria e Centro deslumbrante em que voltam a ligar-se as fibras inúmeras do Múltiplo; Potência implacável como o Mundo e quente como a Vida; Vós, cuja fronte é de neve, os olhos de fogo, os pés mais cintilantes do que o ouro em fusão; Vós, cujas mãos aprisionam as estrelas;


Vós, que sois o primeiro e o último, o vivo, o morto e o ressuscitado; Vós, que reunis na Vossa unidade exuberante todos os encantos, todos os gostos, todas as forças, todos os estados; era para Vós que todo o meu ser apelava com um desejo tão vasto como o Universo: Vós sois verdadeiramente meu Senhor e meu Deus!


«Encerrai-me em Vós, Senhor» — Ah, eu creio (creio de tal modo que esta fé se tornou um dos suportes da minha vida íntima), trevas que Vos fossem absolutamente exteriores seriam um puro nada. Nada pode subsistir fora da Vossa Carne, Jesus, a tal ponto que mesmo aqueles que se vêem expulsos do Vosso amor continuam ainda a beneficiar, para sua desgraça, do suporte da Vossa presença. Estamos, todos nós, irremediavelmente em Vós, Meio universal de consistência e de vida! Mas justamente porque não somos coisas acabadas que possam ser indiferentemente concebidas como próximas ou afastadas de Vós, justamente porque em nós o sujeito da união cresce com a própria união que progressivamente nos dá a Vós, em nome do que há de mais essencial no meu ser, Senhor, ouvi o desejo desta coisa a que me atrevo a chamar a minha alma, embora, um pouco mais todos os dias, compreenda como ela é maior do que eu; e, para estancar a minha sede de existir — através das zonas sucessivas da Vossa Substância profunda —, até às camadas mais íntimas do centro do Vosso Coração, atraí-me a Vós!


Quanto mais profundamente sois encontrado, Mestre, mais universal a Vossa influência se descobre. Por este carácter, poderei apreciar, a cada instante quanto terei avançado em Vós. Quando, conservando todas as coisas à minha volta o seu sabor e os seus contornos, eu as vir contudo difundidas, por uma alma secreta, num Elemento único, infinitamente próximo e infinitamente distante —, quando, aprisionado na intimidade ciosa de um santuário divino, eu me sentir todavia errando livremente pelo céu de todas as criaturas, então saberei que me estou a aproximar do lugar central para onde converge o coração do Mundo no irradiar descendente do Coração de Deus.


Neste ponto de abrasamento universal, agi sobre mim, Senhor, pelo fogo conjunto de todas as ações interiores e exteriores que, sofridas menos perto de Vós, seriam neutras, equívocas ou hostis mas que, animadas por uma Energia «quae possit sibi omnia subjicere», se tornam, nas profundezas místicas do Vosso Coração, os anjos da Vossa operação vitoriosa. Por meio de uma combinação maravilhosa, com a Vossa atração, do encanto das criaturas e da sua insuficiência, da sua doçura e da sua maldade, da sua fraqueza decepcionante e da sua força assustadora, exaltai e alternadamente desgostai o meu coração; ensinai-lhe a pureza verdadeira, a que não é uma separação amenizante das coisas, mas um impulso atravessando todas as belezas; revelai-lhe a caridade verdadeira, a que não é o medo estéril de fazer o mal, mas a vontade vigorosa de forçarmos, todos juntos, as portas da vida; dai-lhe, por fim, dai-lhe acima de tudo, por meio de uma grandiosa visão da Vossa onipresença, a paixão venturosa de descobrir, de fazer e de suportar cada vez um pouco mais o Mundo, para cada vez mais, assim, penetrar em Vós.


Toda a minha alegria e o meu êxito, toda a minha razão de ser e o meu gosto de viver, meu Deus, se encontram suspensos desta visão fundamental da Vossa conjunção com o universo. Que outros anunciem, segundo a sua função mais alta, os esplendores do Vosso puro Espírito! Por mim, dominado por uma vocação que se liga às fibras mais extremas da minha natureza, não quero, nem posso dizer outra coisa senão os inumeráveis prolongamentos do Vosso Ser encarnado através da Matéria; nunca seria capaz de pregar senão o mistério da Vossa Carne, ó Alma que transpareceis em tudo o que nos rodeia!


Ao Vosso Corpo em toda a sua extensão, quer dizer, ao Mundo transformado, pela Vossa força e pela minha fé, no cadinho magnífico e vivo onde tudo desaparece para renascer — por todos os recursos que fez brotar em mim a Vossa atração criadora, pela minha ciência demasiado fraca, pelos meus laços religiosos, pelo meu sacerdócio, e (acima de tudo, no meu apelo) pelo fundo da minha convicção humana —, eis que me voto para dele viver e dele morrer, Jesus.


Ordos, 1923

(Formatação e grifos de Frei Basílio de Resende, 2021)



No original:


LA MESSE SUR LE MONDE


In ‘le cœur de la matière’ Seuil t.13 p. 149. Théologien, philosophe et paléontologue ayant parcouru le globe pour ses recherches, le P.Teilhard de Chardin (s.j. 1881-1955) formula une vision globale du monde ayant Dieu pour source et fin, l'humain pour centre et pour signe de l'évolution naturelle comprise comme spiritualisation progressive de la matière. Avec cette Offrande, il témoigne du lien mystérieux unissant le cœur priant, les foules planétaires et le cosmos. C'est par elle que s'ouvre sa célèbre “Messe sur le Monde” écrite en Chine dans le désert des Ordos en 1923 au cours d’une campagne de fouille avec le Père Licent sj qui leur découvrit les premiers signes d’une présence humaine ancienne en Chine. (Œuvres, t.XIII, Seuil, p 139)


L'offrande


Puisque, une fois encore Seigneur, non plus dans les forêts de l'Aisne, mais dans les steppes d'Asie, je n'ai ni pain, ni vin, ni autel, je m'élèverai par-dessus les symboles jusqu'à la pure majesté du Réel, et je vous offrirai, moi votre prêtre, sur l'autel de la Terre entière, le travail et la peine du Monde.

Le soleil vient d'illuminer, là-bas, la frange extrême du premier Orient. Une fois de plus, sous la nappe mouvante de ses feux, la surface vivante de la Terre s'éveille, frémit, et recommence son effrayant labeur. Je placerai sur ma patène, ô mon Dieu, la moisson attendue de ce nouvel effort. Je verserai dans mon calice la sève de tous les fruits qui seront aujourd'hui broyés. Mon calice et ma patène, ce sont les profondeurs d'une âme largement ouverte à toutes les forces qui, dans un instant, vont s'élever de tous les points du Globe et converger vers l'Esprit.

— Qu'ils viennent donc à moi, le souvenir et la mystique présence de ceux que la lumière éveille pour une nouvelle journée!

Un à un. Seigneur, je les vois et les aime, ceux que vous m'avez donnés comme soutien et comme charme naturel de mon existence. Un à un, aussi, je les compte, les membres de cette autre et si chère famille qu'ont rassemblée peu à peu, autour de moi, à partir des éléments les plus disparates, les affinités du cœur, de la recherche scientifique et de la pensée. Plus confusément, mais tous sans exception, je les évoque, ceux dont la troupe anonyme forme la masse innombrable des vivants: ceux qui m'entourent et me supportent sans que je les connaisse; ceux qui viennent et ceux qui s'en vont; ceux-là surtout qui, dans la vérité ou à travers l'erreur, à leur bureau, à leur laboratoire ou à l'usine, croient au progrès des Choses, et poursuivront passionnément aujourd'hui la lumière.

Cette multitude agitée, trouble ou distincte, dont l'immensité nous épouvante, — cet Océan humain, dont les lentes et monotones oscillations jettent le trouble dans les cœurs les plus croyants, je veux qu'en ce moment mon être résonne à son murmure profond. Tout ce qui va augmenter dans le Monde, au cours de cette journée, tout ce qui va diminuer, — tout ce qui va mourir, aussi, — voilà. Seigneur, ce que je m'efforce de ramasser en moi pour vous le tendre; voilà la matière de mon sacrifice, le seul dont vous ayez envie.

Jadis, on traînait dans votre temple les prémices des récoltes et la fleur des troupeaux. L'offrande que vous attendez vraiment, celle dont vous avez mystérieusement besoin chaque jour pour apaiser votre faim, pour étancher votre soif, ce n'est rien moins que l'accroissement du Monde emporté par l'universel devenir.

Recevez, Seigneur, cette Hostie totale que la Création, mue par votre attrait, vous présente à l'aube nouvelle. Ce pain, notre effort, il n'est de lui-même, je le sais, qu'une désagrégation immense. Ce vin, notre douleur, il n'est encore, hélas qu'un dissolvant breuvage. Mais, au fond de cette masse informe, vous avez mis — j'en suis sûr, parce que je le sens — un irrésistible et sanctifiant désir qui nous fait tous crier, depuis l'impie jusqu'au fidèle: «Seigneur, faites-nous un!»

Parce que, à défaut du zèle spirituel et de la sublime pureté de vos Saints, vous m'avez donné, mon Dieu, une sympathie irrésistible pour tout ce qui se meut dans la matière obscure, — parce que, irrémédiablement, je reconnais en moi, bien plus qu'un enfant du Ciel, un fils de la Terre, — je monterai, ce matin, en pensée, sur les hauts lieux, chargé des espérances et des misères de ma mère; et là, — fort d'un sacerdoce que vous seul, je le crois, m'avez donné, — sur tout ce qui, dans la Chair humaine, s'apprête à naître ou à périr sous le soleil qui monte, j'appellerai le Feu.


Le feu au-dessus du monde


Le Feu, ce principe de l'être, nous sommes dominés par l'illusion tenace qu'il sort des profondeurs de la Terre, et que sa flamme s'allume progressivement le long du brillant sillage de la Vie. Vous m'avez fait la grâce, Seigneur, de comprendre que cette vision était fausse, et que, pour vous apercevoir, je devais la renverser. Au commencement, il y avait la puissance intelligente, aimante et active. Au commencement, il y avait le Verbe souverainement capable de s'assujettir et de pétrir toute Matière qui naîtrait. Au commencement, il n'y avait pas le froid et les ténèbres; il y avait le Feu. Voilà la Vérité.

Ainsi donc, bien loin que de notre nuit jaillisse graduellement la lumière, c'est la lumière préexistante qui, patiemment et infailliblement, élimine nos ombres. Nous autres, créatures, nous sommes, par nous-mêmes, le Sombre et le Vide. Vous êtes, mon Dieu, le fond même et la stabilité du Milieu éternel, sans durée ni espace, en qui, graduellement, notre Univers émerge et s'achève, en perdant les limites par où il nous paraît si grand. Tout est être, il n'y a que de l'être partout, hors de la fragmentation des créatures, et de l'opposition de leurs atomes.

Esprit brûlant, Feu fondamental et personnel, Terme réel d'une union mille fois plus belle et désirable que la fusion destructrice imaginée par n'importe quel panthéisme, daignez, cette fois encore, descendre, pour lui donner une âme, sur la frêle pellicule de matière nouvelle dont va s'envelopper le Monde, aujourd'hui.

Je le sais. Nous ne saurions dicter ni même anticiper, le moindre de vos gestes. De Vous, toutes les initiatives, à commencer par celle de ma prière.

Verbe étincelant, Puissance ardente, Vous qui pétrissez le Multiple pour lui insuffler votre vie, abaissez, je vous prie, sur nous, vos mains puissantes, vos mains prévenantes, vos mains omniprésentes, ces mains qui ne touchent ni ici, ni là (comme ferait une main humaine), mais qui, mêlées à la profondeur et à l'universalité présente et passée des Choses, nous atteignent simultanément par tout ce qu'il y a de plus vaste et de plus intérieur, en nous et autour de nous.

De ces mains invincibles, préparez, par une adaptation suprême, pour la grande oeuvre que vous méditez, l'effort terrestre dont je vous présente en ce moment, ramassée dans mon cœur, la totalité. Remaniez-le, cet effort, rectifiez-le, refondez-le jusque dans ses origines, vous qui savez pourquoi il est impossible que la créature naisse autrement que portée sur la tige d'une interminable évolution.

Et maintenant, prononcez sur lui, par ma bouche, la double et efficace parole, sans laquelle tout branle, tout se dénoue, dans notre sagesse et dans notre expérience, - avec laquelle tout se rejoint et tout se consolide à perte de vue dans nos spéculations et notre pratique de l'Univers. - Sur toute vie qui va germer, croître, fleurir et mûrir en ce jour, répétez: « Ceci est mon corps. » - Et, sur toute mort qui s'apprête à ronger, à flétrir, à couper, commandez (mystère de foi par excellence): « Ceci est mon sang!»


Le feu dans le monde


C'est fait.

Le Feu, encore une fois, a pénétré la Terre.

Il n'est pas tombé bruyamment sur les cimes, comme la foudre en son éclat. Le Maître force-t-il les portes pour entrer chez lui?

Sans secousse, sans tonnerre, la flamme a tout illuminé par le dedans. Depuis le cœur du moindre atome jusqu'à l'énergie des lois les plus universelles, elle a si naturellement envahi individuellement et dans leur ensemble, chaque élément, chaque ressort, chaque liaison de notre Cosmos, que celui-ci, pourrait-on croire, s'est enflammé spontanément.

Dans la nouvelle Humanité qui s'engendre aujourd'hui, le Verbe a prolongé l'acte sans fin de sa naissance; et, par la vertu de son immersion au sein du Monde, les grandes eaux de la Matière, sans un frisson, se sont chargées de vie. Rien n'a frémi, en apparence, sous l'ineffable transformation. Et cependant, mystérieusement et réellement, au contact de la substantielle Parole, l'Univers, immense Hostie, est devenu Chair. Toute matière est désormais incarnée, mon Dieu, par votre Incarnation.

L'Univers, il y a longtemps que nos pensées et nos expériences humaines avaient reconnu les étranges propriétés qui le font si pareil à une Chair...

Comme la Chair, il nous attire par le charme qui flotte dans le mystère de ses plis et la profondeur de ses yeux.

Comme la Chair, il se décompose et nous échappe sous le travail de nos analyses, de nos déchéances, et de sa propre durée.

Comme la Chair, il ne s'étreint vraiment que dans l'effort sans fin pour l'atteindre toujours au-delà de ce qui nous est donné.

Ce mélange troublant de proximité et de distance, nous le sentons tous, Seigneur, en naissant. Et il n'y a pas, dans l'héritage de douleur et d'espérance que se transmettent les âges, il n'y a pas de nostalgie plus désolée que celle qui fait pleurer l'homme d'irritation et de désir au sein de la Présence qui flotte impalpable et anonyme, en toutes choses, autour de lui: «Si forte attrectent eum.»

Maintenant, Seigneur, par la Consécration du Monde, la lueur et le parfum flottant dans l'Univers prennent pour moi corps et visage, en Vous. Ce qu'entrevoyait ma pensée hésitante, ce que réclamait mon cœur par un désir invraisemblable, vous me le donnez magnifiquement: que les créatures soient non seulement tellement solidaires entre elles, qu'aucune ne puisse exister sans toutes les autres pour l'entourer, - mais qu'elles soient tellement suspendues à un même centre réel, qu'une véritable Vie, subie en commun, leur donne, en définitive, leur consistance et leur union.

Faites éclater, mon Dieu, par l'audace de votre Révélation, la timidité d'une pensée puérile qui n'ose rien concevoir de plus vaste, ni de plus vivant au monde que la misérable perfection de notre organisme humain! Sur la voie d'une compréhension plus hardie de l'Univers, les enfants du siècle devancent chaque jour les maîtres d'Israël. Vous, Seigneur jésus, «en qui toutes choses trouvent leur consistance», révélez-Vous enfin à ceux qui vous aiment, comme l'Ame supérieure et le Foyer physique de la Création. Il y va de notre vie, ne le voyez-vous pas? Si je ne pouvais croire, moi, que votre Présence réelle anime, assouplit, réchauffe la moindre des énergies qui me pénètrent ou me frôlent, est-ce que, transi dans les moelles de mon être, je ne mourrais pas de froid?

Merci, mon Dieu, d'avoir, de mille manières, conduit mon regard, jusqu'à lui faire découvrir l'immense simplicité des Choses! Peu à peu, sous le développement irrésistible des aspirations que vous avez déposées en moi quand j'étais encore un enfant, sous l'influence d'amis exceptionnels qui se sont trouvés à point nommé sur ma route pour éclairer et fortifier mon esprit, sous l'éveil d'initiations terribles et douces dont vous m'avez fait successivement franchir les cercles, j'en suis venu à ne pouvoir plus rien voir ni respirer hors du Milieu où tout n'est qu'Un.

En ce moment où votre Vie vient de passer, avec un surcroît de vigueur, dans le Sacrement du Monde, je goûterai, avec une conscience accrue, la forte et calme ivresse d'une vision dont je n'arrive pas à épuiser la cohérence et les harmonies.

Ce que j'éprouve, en face et au sein du Monde assimilé par votre Chair, devenu votre Chair, mon Dieu, - ce n'est ni l'absorption du moniste avide de se fondre dans l'unité des choses, - ni l'émotion du païen prosterné aux pieds d'une divinité tangible, - ni l'abandon passif du quiétiste ballotté au gré des énergies mystiques.

Prenant à ces divers courants quelque chose de leur force sans me pousser sur aucun écueil, l'attitude en laquelle me fixe votre universelle Présence est une admirable synthèse où se mêlent, en se corrigeant, trois des plus redoutables passions qui puissent jamais déchaîner un cœur humain.

Comme le moniste, je me plonge dans l'Unité totale, - mais l'Unité qui me reçoit est si parfaite qu'en elle je sais trouver, en me perdant, le dernier achèvement de mon individualité.

Comme le païen, j'adore un Dieu palpable. Je le touche même, ce Dieu, par toute la surface et la profondeur du Monde de la Matière où je suis pris. Mais, pour le saisir comme je voudrais (simplement pour continuer à le toucher), il me faut aller toujours plus loin, à travers et au-delà de toute emprise, - sans pouvoir jamais me reposer en rien, - porté à chaque instant par les créatures, et à chaque instant les dépassant, - dans un continuel accueil et un continuel détachement.

Comme le quiétiste, je me laisse délicieusement bercer par la divine Fantaisie. Mais, en même temps, je sais que la Volonté divine ne me sera révélée, à chaque moment, qu'à la limite de mon effort. Je ne toucherai Dieu dans la Matière, comme Jacob, que lorsque j'aurai été vaincu par lui.

Ainsi, parce que m'est apparu l'Objet définitif, total, sur lequel est accordée ma nature, les puissances de mon être se mettent spontanément à vibrer suivant une Note Unique, incroyablement riche, où je distingue, unies sans effort, les tendances les plus opposées: l'exaltation d'agir et la joie de subir; la volupté de tenir et la fièvre de dépasser; l'orgueil de grandir et le bonheur de disparaître en un plus grand que soi.

Riche de la sève du Monde, je monte vers l'Esprit qui me sourit au-delà de toute conquête, drapé dans la splendeur concrète de l'Univers. Et je ne saurais dire, perdu dans le mystère de la Chair divine, quelle est la plus radieuse de ces deux béatitudes: avoir trouvé le Verbe pour dominer la Matière, ou posséder la Matière pour atteindre et subir la lumière de Dieu.

Faites, Seigneur, que, pour moi, votre descente sous les Espèces universelles ne soit pas seulement chérie et caressée comme le fruit d'une spéculation philosophique, mais qu'elle me devienne véritablement une Présence réelle. En puissance et en droit, que nous le voulions ou non, vous êtes incarné dans le Monde, et nous vivons suspendus à vous. Mais, en fait, il s'en faut (et de combien 1) que pour nous tous vous soyez également proche. Portés, tous ensemble, au sein d'un même Monde, nous formons néanmoins chacun notre petit Univers en qui l'Incarnation s'opère indépendamment, avec une intensité et des nuances incommunicables. Et voilà pourquoi, dans notre prière à l'autel, nous demandons que pour nous la consécration se fasse : «Ut nobis Corpus et Sanguis fiat...» Si je crois fermement que tout, autour de moi, est le Corps et le Sang du Verbe' alors pour moi (et en un sens pour moi seul), se produit la merveilleuse «Diaphanie» qui fait objectivement transparaître dans la profondeur de tout fait et de tout élément, la chaleur lumineuse d'une même Vie. Que ma foi, par malheur, se relâche, et aussitôt, la lumière s'éteint, tout devient obscur, tout se décompose.

Dans la journée qui commence, Seigneur, vous venez de descendre. Hélas! pour les mêmes événements qui se préparent, et que nous subirons tous, quelle infinie diversité dans les degrés de votre Présence l Dans les mêmes circonstances, exactement, qui s'apprêtent à m'envelopper et à envelopper mes frères, vous pouvez être un peu, beaucoup, de plus en plus, ou pas du tout.

Pour qu'aucun poison ne me nuise aujourd'hui, pour qu'aucune mort ne me tue, pour qu'aucun vin ne me grise, pour que dans toute créature je vous découvre et je vous sente, - Seigneur, faites que je croie!

Communion


Si le Feu est descendu au cœur du Monde, c'est finalement pour me prendre et pour m'absorber. Dès lors, il ne suffit pas que je le contemple, et que par une foi entretenue, j'intensifie sans cesse autour de moi son ardeur. Il faut qu'après avoir coopéré, de toutes mes forces, à la Consécration qui le fait jaillir, je consente enfin à la Communion qui lui donnera, en ma personne, l'aliment qu'il est venu finalement chercher.

Je me prosterne, mon Dieu, devant votre Présence dans l'Univers devenu ardent et, sous les traits de tout ce que je rencontrerai, et de tout ce qui m'arrivera, et de tout ce que je réaliserai en ce jour, je vous désire et je vous attends.

C'est une chose terrible d'être né, c'est-à-dire de se trouver irrévocablement emporté, sans l'avoir voulu, dans un torrent d'énergie formidable qui paraît vouloir détruire tout ce qu'il entraîne en lui.

Je veux, mon Dieu, que par un renversement de forces dont vous pouvez seul être l'auteur, l'effroi qui me saisit devant les altérations sans nom qui s'apprêtent à renouveler mon être se mue en une joie débordante d'être transformé en Vous.

Sans hésiter, d'abord, j'étendrai la main vers le pain brûlant que vous me présentez. Dans ce pain, où vous avez enfermé le germe de tout développement, je reconnais le principe et le secret de l'avenir que vous me réservez. Le prendre, c'est me livrer, je le sais, aux puissances qui m'arracheront douloureusement à moi-même pour me pousser au danger, au travail, à la rénovation continuelle des idées, au détachement austère dans les affections. Le manger, c'est contracter, pour ce qui est en tout audessus de tout, un goût et une affinité qui me rendront désormais impossibles les joies où se réchauffait ma vie. Seigneur Jésus, j'accepte d'être possédé par Vous et mené par l'inexprimable puissance de votre Corps auquel je serai lié, vers des solitudes où, seul, je n'aurais jamais osé monter. Instinctivement, comme tout Homme, j'aimerais dresser ici-bas ma tente sur un sommet choisi. J'ai peur, aussi, comme tous mes frères, de l'avenir trop mystérieux et trop nouveau vers lequel me chasse la durée. Et puis je me demande, anxieux avec eux, où va la vie... Puisse cette Communion du pain avec le Christ revêtu des puissances qui dilatent le Monde me libérer de ma timidité et de ma nonchalance! Je me jette, ô mon Dieu, sur votre parole, dans le tourbillon des luttes et des énergies où se développera mon pouvoir de saisir et d'éprouver votre Sainte Présence. Celui qui aimera passionnément Jésus caché dans les forces qui font grandir la Terre, la Terre, maternellement, le soulèvera dans ses bras géants, et elle lui fera contempler le visage de Dieu.

Si votre royaume, mon Dieu, était de ce Monde, ce serait assez, pour vous tenir, que Je me confie aux puissances qui nous font souffrir et mourir en nous agrandissant palpablement, nous ou ce qui nous est plus cher que nous-mêmes. Mais, parce que le Terme vers lequel se meut la Terre est au-delà, non seulement de chaque chose individuelle, mais de l'ensemble des choses, — parce que le travail du Monde consiste, non pas à engendrer en lui-même quelque Réalité suprême, mais à se consommer par union dans un Être préexistant, il se trouve que, pour parvenir au centre flamboyant de l'Univers, ce n'est pas assez pour l'Homme de vivre de plus en plus pour soi, ni même de faire passer sa vie dans une cause terrestre, si grande soit-elle. Le Monde ne peut vous rejoindre finalement Seigneur, que par une sorte d'inversion, de retournement, d'excentration où sombre pour un temps, non seulement la réussite des individus, mais l'apparence même de tout avantage humain. Pour que mon être soit décidément annexé au vôtre, il faut que meure en moi, non seulement la monade, mais le Monde, c'est-à-dire que je passe par la phase déchirante d'une diminution que rien de tangible ne viendra compenser. Voilà pourquoi, recueillant dans le calice l'amertume de toutes les séparations, de toutes les limitations, de toutes les déchéances stériles, vous me le tendez. «Buvez-en tous.»

Comment le refuserais-je ce calice, Seigneur, maintenant que par le pain auquel vous m'avez fait goûter a glissé dans la moelle de mon être l'inextinguible passion de vous rejoindre, plus loin que la vie, à travers la mort. La Consécration du Monde serait demeurée inachevée, tout à l'heure, si vous n'aviez pas animé avec prédilection, pour ceux-là qui croiraient, les forces qui tuent, après celles qui vivifient. Ma Communion maintenant serait incomplète (elle ne serait pas chrétienne, tout simplement) si, avec les accroissements que m'apporte cette nouvelle journée, je ne recevais pas, en mon nom et au nom du Monde, comme la plus directe participation à vous-même, le travail, sourd ou manifeste, d'affaiblissement, de vieillesse et de mort qui mine incessamment l'Univers, pour son salut ou sa condamnation. Je m'abandonne éperdument, ô mon Dieu, aux actions redoutables de dissolution par lesquelles se substituera aujourd'hui, je veux le croire aveuglément, à mon étroite personnalité votre divine Présence.

Celui qui aura aimé passionnément Jésus caché dans les forces qui font mourir la Terre, la Terre en défaillant le serrera dans ses bras géants, et avec elle, il se réveillera dans le sein de Dieu.


Prière


Et maintenant, jésus, que voilé sous les puissances du Monde, vous êtes devenu véritablement et physiquement tout pour moi, tout autour de moi, tout en moi, je ferai passer dans une même aspiration l'ivresse de ce que je tiens et la soif de ce qui me manque, et je vous répéterai, après votre serviteur, les paroles enflammées où se reconnaîtra toujours plus exactement, j'en ai la foi inébranlable, le Christianisme de demain:

«Seigneur, enfermez-moi au plus profond des entrailles de votre Coeur. Et, quand vous m'y tiendrez, brûlez-moi, purifiez-moi, enflammez-moi, sublimez-moi, jusqu'à satisfaction parfaite de vos goûts, jusqu'à la plus complète annihilation de moi-même.»

«Tu autem, Domine mi, include me in imis visceribus Cordis tui. Atque ibi me detine, excoque, expurga, accende, ignifac, sublima, ad purissimum Cordis tui gustum atque placitum, ad puram annihilationem meam.»

«Seigneur.» Oh, oui, enfin! par le double mystère de la Consécration et de la Communion universelles, j'ai donc trouvé quelqu'un à qui je puisse, à plein coeur, donner ce nom ! Tant que je n'ai su ou osé voir en Vous, jésus, que l'homme d'il y a deux mille ans, le Moraliste sublime, l'Ami, le Frère, mon amour est resté timide et gêné. Des amis, des frères, des sages, est-ce que nous n'en avons pas de bien grands, de bien exquis, et de plus proches, autour de nous? Et puis, l'Homme peut-il se donner pleinement à une nature seulement humaine? Depuis toujours, le Monde au-dessus de tout Élément titi Monde, avait pris mon coeur, et jamais, devant personne autre, je n'aurais sincèrement plié. Alors, longtemps, même en croyant, j'ai erré sans savoir ce que j'aimais. Mais, aujourd'hui que par la manifestation des pouvoirs supra-humains que vous a conférés la Résurrection vous transparaissez pour moi, Maître, à travers toutes les puissances de la Terre, alors je vous reconnais comme mon Souverain et je me livre délicieusement à Vous.

Etranges démarches de votre Esprit, mon Dieu! - Quand, il y a deux siècles, a commencé à se faire sentir, clans votre Église, l'attrait distinct de votre Coeur, il a pu sembler que ce qui séduisait les âmes, c'était la découverte en Vous, d'un élément plus déterminé, plus circonscrit, que votre Humanité même. Or, voici que maintenant, renversement soudain! il devient évident que, par la «révélation» de votre Coeur, Vous avez surtout voulu, jésus, fournir à notre amour le moyen d'échapper à ce qu'il y avait de trop étroit, de trop précis, de trop limité, dans l'image que nous nous faisions de Vous. Au centre de votre poitrine, je n'aperçois rien d'autre qu'une fournaise; et, plus je fixe ce foyer ardent, plus il me semble que, tout autour, les contours de votre Corps fondent, qu'ils s'agrandissent au-delà de toute mesure jusqu'à ce que je ne distingue plus en Vous d'autres traits que la figure d'un Monde enflammé.

Christ glorieux; Influence secrètement diffuse au sein de la Matière et Centre éblouissant où se relient les fibres sans nombre du Multiple; Puissance implacable comme le Monde et chaude comme la Vie; Vous dont le front est de neige, les yeux de feu, les pieds plus étincelants que l'or en fusion; Vous dont les mains emprisonnent les étoiles; Vous qui êtes le premier et le dernier, le vivant, le mort et le ressuscité;

Vous qui rassemblez en votre unité exubérante tous les charmes, tous les goûts, toutes les forces, tous les états; c'est Vous que mon être appelait d'un désir aussi vaste que l'Univers : Vous êtes vraiment mon Seigneur et mon Dieu!

«Enfermez-moi en Vous, Seigneur» - Ah! je le crois (je le crois même si bien que cette foi est devenue un des supports de ma vie intime), des ténèbres absolument extérieures à Vous seraient un pur néant. Rien ne peut subsister en dehors de votre Chair, Jésus, au point que ceux-là mêmes qui se trouvent rejetés hors de votre amour bénéficient encore, pour leur malheur, du support de votre présence. Tous, nous sommes irrémédiablement en Vous, Milieu universel de consistance et de vie! - Mais justement parce que nous ne sommes pas des choses toutes faites qui peuvent être conçues indifféremment comme proches ou éloignées de Vous; justement parce qu'en nous le sujet de l'union croît avec l'union même qui nous donne progressivement à Vous; - au nom de ce qu'il y a de plus essentiel dans mon être, Seigneur, écoutez le désir de cette chose que j'ose bien appeler mon âme, encore que, chaque jour davantage, je comprenne combien elle est plus grande que moi; et, pour étancher ma soif d'exister, - à travers les zones successives de votre Substance profonde, - jusqu'aux replis les plus intimes du Centre de votre Coeur, attirez-moi!

Plus Vous êtes rencontré profond, Maître, plus votre influence se découvre universelle. A ce caractère, je pourrai apprécier, à chaque instant, de combien je me suis avancé en Vous. Lorsque, toutes choses gardant autour de moi leur saveur et leurs contours, je les verrai néanmoins diffusées, par une âme secrète, dans un Élément unique, infiniment proche et infiniment distant, - lorsque, emprisonné dans l'intimité jalouse d'un sanctuaire divin, je me sentirai cependant errer librement à travers le ciel de toutes créatures, - alors, je saurai que j'approche du lieu central où converge le coeur du Monde dans le rayonnement descendant du Coeur de Dieu.

En ce point d'universel embrasement, agissez sur moi, Seigneur, par le feu réuni de toutes les actions intérieures et extérieures qui, subies moins près de Vous, seraient neutres, équivoques ou hostiles; mais qui, animées par une Énergie « quae possit sibi omnia subjicere », deviennent, dans les profondeurs physiques de votre Coeur, les anges de votre victorieuse opération. Par une combinaison merveilleuse, avec votre attrait, du charme des créatures et de leur insuffisance, de leur douceur et de leur méchanceté, de leur faiblesse décevante et de leur effroyable puissance, - exaltez tour à tour, et dégoûtez mon coeur; apprenez-lui la pureté vraie, celle qui n'est pas une séparation anémiante des choses, mais un élan à travers toutes beautés; révélez-lui la charité véritable, celle qui n'est pas la peur stérile de faire du mal, mais la volonté vigoureuse de forcer, tous ensemble, les portes de la vie; donnez-lui, enfin, donnez-lui surtout, par une vision grandissante de votre omniprésence, la passion bienheureuse de découvrir, de faire et de subir toujours un peu plus le Monde, afin de pénétrer toujours davantage en Vous.

Toute ma joie et ma réussite, toute ma raison d'être et mon goût de vivre, mon Dieu, sont suspendus à cette vision fondamentale de votre conjonction avec l'Univers. Que d'autres annoncent, suivant leur fonction plus haute, les splendeurs de votre pur Esprit! Pour moi, dominé par une vocation qui tient aux dernières fibres de ma nature, je ne veux, ni je ne puis dire autre chose que les innombrables prolongements de votre Être incarné à travers la Matière; je ne saurai jamais prêcher que le mystère de votre Chair, ô Ame qui transparaissez dans tout ce qui nous entoure!

A votre Corps dans toute son extension, c'est-à-dire au Monde devenu, par votre puissance et par ma foi, le creuset magnifique et vivant où tout disparaît pour renaître, par toutes les ressourcesTr qu'a fait jaillir en moi votre attraction créatrice, par ma trop faible science, par mes liens religieux, par mon sacerdoce, et (ce à quoi je tiens le plus) par le fond de ma conviction humaine, je me voue pour en vivre et pour en mourir, Jésus.

Ordos 1923 ***


Tradução inglesa:

The Mass On The World


– Pierre Teilhard De Chardin, S.J

Pierre Teilhard de Chardin, S.J., was professor of geology at the Catholic Institute in Paris, director of the National Geologic Survey of China, and director of the National Research Center of France. He died in New York City in 1955. His book Hymn of the Universe was published in 1961 by Harper & Row. Chapter One of the book was entitled The Mass on the World, reproduced below.


THE OFFERING


Since once again, Lord — though this time not in the forests of the Aisne but in the steppes of Asia — I have neither bread, nor wine, nor altar, I will raise myself beyond these symbols, up to the pure majesty of the real itself; I, your priest, will make the whole earth my altar and on it will offer you all the labours and sufferings of the world.

Over there, on the horizon, the sun has just touched with light the outermost fringe of the eastern sky. Once again, beneath this moving sheet of fire, the living surface of the earth wakes and trembles, and once again begins its fearful travail. I will place on my paten, O God, the harvest to be won by this renewal of labour. Into my chalice I shall pour all the sap which is to be pressed out this day from the earth’s fruits.

My paten and my chalice are the depths of a soul laid widely open to all the forces which in a moment will rise up from every corner of the earth and converge upon the Spirit. Grant me the remembrance and the mystic presence of all those whom the light is now awakening to the new day.

One by one, Lord, I see and I love all those whom you have given me to sustain and charm my life. One by one also I number all those who make up that other beloved family which has gradually surrounded me, its unity fashioned out of the most disparate elements, with affinities of the heart, of scientific research and of thought. And again one by one — more vaguely it is true, yet all-inclusively — I call before me the whole vast anonymous army of living humanity; those who surround me and support me though I do not know them; those who come, and those who go; above all, those who in office, laboratory and factory, through their vision of truth or despite their error, truly believe in the progress of earthly reality and who today will take up again their impassioned pursuit of the light.

This restless multitude, confused or orderly, the immensity of which terrifies us; this ocean of humanity whose slow, monotonous wave-flows trouble the hearts even of those whose faith is most firm: it is to this deep that I thus desire all the fibres of my being should respond. All the things in the world to which this day will bring increase; all those that will diminish; all those too that will die: all of them, Lord, I try to gather into my arms, so as to hold them out to you in offering. This is the material of my sacrifice; the only material you desire.

Once upon a time men took into your temple the first fruits of their harvests, the flower of their flocks. But the offering you really want, the offering you mysteriously need every day to appease your hunger, to slake your thirst is nothing less than the growth of the world borne ever onwards in the stream of universal becoming.

Receive, O Lord, this all-embracing host which your whole creation, moved by your magnetism, offers you at this dawn of a new day. 2

This bread, our toil, is of itself, I know, but an immense fragmentation; this wine, our pain, is no more, I know, than a draught that dissolves. Yet in the very depths of this formless mass you have implanted — and this I am sure of, for I sense it — a desire, irresistible, hallowing, which makes us cry out, believer and unbeliever alike:

‘Lord, make us one.’

Because, my God, though I lack the soul-zeal and the sublime integrity of your saints, I yet have received from you an overwhelming sympathy for all that stirs within the dark mass of matter; because I know myself to be irremediably less a child of heaven than a son of earth; therefore I will this morning climb up in spirit to the high places, bearing with me the hopes and the miseries of my mother; and there — empowered by that priesthood which you alone (as I firmly believe) have bestowed on me — upon all that in the world of human flesh is now about to be born or to die beneath the rising sun I will call down the Fire.


FIRE OVER THE EARTH


Fire, the source of being: we cling so tenaciously to the illusion that fire comes forth from the depths of the earth and that its flames grow progressively brighter as it pours along the radiant furrows of life’s tillage. Lord, in your mercy you gave me to see that this idea is false, and that I must overthrow it if I were ever to have sight of you. In the beginning was Power, intelligent, loving, energizing. In the beginning was the Word, supremely capable of mastering and moulding whatever might come into being in the world of matter.

In the beginning there were not coldness and darkness: there was the Fire. This is the truth.

So, far from light emerging gradually out of the womb of our darkness, it is the Light, existing before all else was made which, patiently, surely, eliminates our darkness. As for us creatures, of ourselves we are but emptiness and obscurity. But you, my God, are the inmost depths, the stability of that eternal milieu, without duration or space, in which our cosmos emerges gradually into being and grows gradually to its final completeness, as it loses those boundaries which to our eyes seem so immense. Everything is being; everywhere there is being and nothing but being, save in the fragmentation of creatures and the clash of their atoms.

Blazing Spirit, Fire, personal, super-substantial, the consummation of a union so immeasurably more lovely and more desirable than that destructive fusion of which all the pantheists dream: be pleased yet once again to come down and breathe a soul into the newly formed, fragile film of matter with which this day the world is to be freshly clothed.

I know we cannot forestall, still less dictate to you, even the smallest of your actions; from you alone comes all initiative — and this applies in the first place to my prayer.

Radiant Word, blazing Power, you who mould the manifold so as to breathe your life into it; I pray you, lay on us those your hands — powerful, considerate, omnipresent, those hands which do not (like our human hands) touch now here, now there, but which plunge into the depths and the totality, present and past, of things so as to reach us simultaneously through all that is most immense and most inward within us and around us. 3

May the might of those invincible hands direct and transfigure for the great world you have in mind that earthly travail which I have gathered into my heart and now offer you in its entirety. Remould it, rectify it, recast it down to the depths from whence it springs. You know how your creatures can come into being only, like shoot from stem, as part of an endlessly renewed process of evolution.

Do you now therefore, speaking through my lips, pronounce over this earthly travail your twofold efficacious word: the word without which all that our wisdom and our experience have built up must totter and crumble — the word through which all our most far-reaching speculations and our encounter with the universe are come together into a unity. Over every living thing which is to spring up, to grow, to flower, to ripen during this day say again the words: This is my Body. And over every death-force which waits in readiness to corrode, to wither, to cut down, speak again your commanding words which express the supreme mystery of faith: This is my Blood.1

FIRE IN THE EARTH


It is done.

Once again the Fire has penetrated the earth.

Not with sudden crash of thunderbolt, riving the mountain-tops: does the Master break down doors to enter his own home?

Without earthquake, or thunderclap: the flame has lit up the whole world from within. All things individually and collectively are penetrated and flooded by it, from the inmost core of the tiniest atom to the mighty sweep of the most universal laws of being: so naturally has it flooded every element, every energy, every connecting-link in the unity of our cosmos; that one might suppose the cosmos to have burst spontaneously into flame.

In the new humanity which is begotten today the Word prolongs the unending act of his own birth; and by virtue of his immersion in the world’s womb the great waters of the kingdom of matter have, without even a ripple, been endued with life. No visible tremor marks this inexpressible transformation; and yet, mysteriously and in very truth, at the touch of the supersubstantial Word the immense host which is the universe is made flesh. Through your own incarnation, my God, all matter is henceforth incarnate.

Through our thoughts and our human experiences, we long ago became aware of the strange properties which make the universe so like our flesh:

like the flesh it attracts us by the charm which lies in the mystery of its curves and folds and in the depths of its eyes;

like the flesh it disintegrates and eludes us when submitted to our analyses or to our failings off and in the process of its own perdurance;

as with the flesh, it can only be embraced in the endless reaching out to attain what lies beyond the confines of what has been given to us.

All of us, Lord, from the moment we are born feel within us this disturbing mixture of remoteness and nearness; and in our heritage of sorrow and hope, passed down to us though the ages, there is no yearning more desolate than that which makes us weep with vexation and desire as we stand in the midst of the Presence which hovers about us nameless and impalpable and is indwelling in all things. Si forte attrectent eum.2 4

Now, Lord, though the consecration of the world the luminosity and fragrance which suffuse the universe take on for me the lineaments of a body and a face — in you. What my mind glimpsed through its hesitant explorations, what my heart craved with so little expectation of fulfilment, you now magnificently unfold for me: the fact that your creatures are not merely so linked together in solidarity that none can exist unless all the rest surround it, but that all are so dependent on a single central reality that a true life, borne in common by them all, gives them ultimately their consistence and their unity.

Shatter, my God, though the daring of your revelation the childishly timid outlook that can conceive of nothing greater or more vital in the world than the pitiable perfection of our human organism. On the road to a bolder comprehension of the universe the children of this world day by day outdistance the masters of Israel; but do you, Lord Jesus, ‘in whom all things subsist’, show yourself to those who love you as the higher Soul and the physical centre of your creation. Are you not well aware that for us this is a question of life or death? As for me, if I could not believe that your real Presence animates and makes tractable and endless even the very least of the energies which invade me or brush past me, would I not die of cold?

I thank you, my God, for having in a thousand different ways led my eyes to discover the immense simplicity of things. Little by little, though the irresistible development of those yearnings you implanted in me as a child, through the influence of gifted friends who entered my life at certain moments to bring light and strength to my mind, and through the awakenings of spirit I owe to the successive initiations, gentle and terrible, which you caused me to undergo: through all these I have been brought to the point where I can no longer see anything, nor any longer breathe, outside that milieu in which all is made one.

At this moment when your life has just poured with superabundant vigour into the sacrament of the world, I shall savour with heightened consciousness the intense yet tranquil rapture of a vision whose coherence and harmonies I can never exhaust.

What I experience as I stand in face of — and in the very depths of — this world which your flesh has assimilated, this world which has become your flesh, my God, is not the absorption of the monist who yearns to be dissolved into the unity of things, nor the emotion felt by the pagan as he lies prostrate before a tangible divinity, nor yet the passive self-abandonment of the quietist tossed hither and thither at the mercy of mystical impulsions. From each of these modes of thought I take something of their motive force while avoiding their pitfalls: the approach determined for me by your omnipresence is a wonderful synthesis wherein three of the most formidable passions that can unlock the human heart rectify each other as they mingle:

like the monist I plunge into the all-inclusive One; but the One is so perfect that as it receives me and I lose myself in it I can find in it the ultimate perfection of my own individuality;

like the pagan I worship a God who can be touched; and I do indeed touch him — this God — over the whole surface and in the depths of that world of matter which confines me: but to take hold of him as I would wish (simply in order not to stop touching him), I must go always on and on through and beyond each undertaking, unable to rest in anything, borne onwards at each moment by creatures and at each moment going beyond them, in a continuing welcoming of them and a continuing detachment from them;

like the quietist I allow myself with delight to be cradled in the divine fantasy: but at the same time I know that the divine will, will only be revealed to me at each moment if I exert myself to the utmost: I shall only touch God in the world of matter, when, like Jacob, I have been vanquished by him. 5

Thus, because the ultimate objective, the totality to which my nature is attuned has been made manifest to me, the powers of my being begin spontaneously to vibrate in accord with a single note of incredible richness wherein I can distinguish the most discordant tendencies effortlessly resolved: the excitement of action and the delight of passivity: the joy of possessing and the thrill of reaching out beyond what one possesses; the pride in growing and the happiness of being lost in what is greater than oneself.

Rich with the sap of the world, I rise up towards the Spirit whose vesture is the magnificence of the material universe but who smiles at me from far beyond all victories; and, lost in the mystery of the flesh of God, I cannot tell which is the more radiant bliss: to have found the Word and so be able to achieve the mastery of matter, or to have mastered matter and so be able to attain and submit to the light of God.

Grant, Lord, that your descent into the universal Species may not be for me just something loved and cherished, like the fruit of some philosophical speculation, but may become for me truly a real Presence. Whether we like it or not by power and by right you are incarnate in the world, and we are all of us dependent upon you. But in fact you are far, and how far, from being equally close to us all. We are all of us together carried in the one world-womb; yet each of us is our own little microcosm in which the Incarnation is wrought independently with degrees of intensity, and shades that are incommunicable. And that is why, in our prayer at the altar, we ask that the consecration may be brought about for us: Ut nobis Corpus et Sanguis fiat. . . 3 If I firmly believe that everything around me is the body and blood of the Word,4 then for me (and in one sense for me alone) is brought about that marvellous ‘diaphany’ which causes the luminous warmth of a single life to be objectively discernible in and to shine forth from the depths of every event, every element: whereas if, unhappily, my faith should flag, at once the light is quenched and everything becomes darkened, everything disintegrates.

You have come down, Lord, into this day which is now beginning. But alas, how infinitely different in degree is your presence for one and another of us in the events which are now preparing and which all of us together will experience! In the very same circumstances which are soon to surround me and my fellow-men you may be present in small measure, in great measure, more and more or not at all.

Therefore, Lord, that no poison may harm me this day, no death destroy me, no wine befuddle me, that in every creature I may discover and sense you, I beg you: give me faith.


COMMUNION


If the Fire has come down into the heart of the world it is, in the last resort, to lay hold on me and to absorb me. Henceforth I cannot be content simply to contemplate it or, by my steadfast faith, to intensify its ardency more and more in the world around me. What I must do, when I have taken part with all my energies in the consecration which causes its flames to leap forth, is to consent to the communion which will enable it to find in me the food it has come in the last resort to seek.

So, my God, I prostrate myself before your presence in the universe which has now become living flame: beneath the lineaments of all that I shall encounter this day, all that happens to me, all that I achieve, it is you I desire, you I await. 6

It is a terrifying thing to have been born: I mean, to find oneself, without having willed it, swept irrevocably along on a torrent of fearful energy which seems as though it wished to destroy everything it carries with it.

What I want, my God, is that by a reversal of forces which you alone can bring about, my terror in face of the nameless changes destined to renew my being may be turned into an overflowing joy at being transformed into you.

First of all I shall stretch out my hand unhesitatingly towards the fiery bread which you set before me. This bread, in which you have planted the seed of all that is to develop in the future, I recognize as containing the source and the secret of that destiny you have chosen for me. To take it is, I know, to surrender myself to forces which will tear me away painfully from myself in order to drive me into danger, into laborious undertakings, into a constant renewal of ideas, into an austere detachment where my affections are concerned. To eat it is to acquire a taste and an affinity for that which in everything is above everything — a taste and an affinity which will henceforward make impossible for me all the joys by which my life has been warmed. Lord Jesus, I am willing to be possessed by you, to be bound to your body and led by its inexpressible power towards those solitary heights which by myself I should never dare to climb. Instinctively, like all mankind, I would rather set up my tent here below on some hill-top of my own choosing. I am afraid, too, like all my fellow-men, of the future too heavy with mystery and too wholly new, towards which time is driving me. Then like these men I wonder anxiously where life is leading me . . . May this communion of bread with the Christ clothed in the powers which dilate the world free me from my timidities and my heedlessness! In the whirlpool of conflicts and energies out of which must develop my power to apprehend and experience your holy presence, I throw myself, my God, on your word. The man who is filled with an impassioned love of Jesus hidden in the forces which bring increase to the earth, him the earth will lift tip, like a mother, in the immensity of her arms, and will enable him to contemplate the face of God.

If your kingdom, my God, were of this world, I could possess you simply by surrendering myself to the forces which cause us, through suffering and dying, to grow visibly in stature — us or that which is dearer to us than ourselves. But because the term towards which the earth is moving lies not merely beyond each individual thing but beyond the totality of things; because the world travails, not to bring forth from within itself some supreme reality, but to find its consummation through a union with a preexistent Being; it follows that man can never reach the blazing centre of the universe simply by living more and more for himself nor even by spending his life in the service of some earthly cause however great. The world can never be definitively united with you, Lord, save by a sort of reversal, a turning about, an excentration, which must involve the temporary collapse not merely of all individual achievements but even of everything that looks like an advancement for humanity. If my being is ever to be decisively attached to yours, there must first die in me not merely the monad ego but also the world: in other words I must first pass through an agonizing phase of diminution for which no tangible compensation will be given me. That is why, pouring into my chalice the bitterness of all separations, of all limitations, and of all sterile failings away, you then hold it out to me. ‘Drink ye all of this.’

How could I refuse this chalice, Lord, now that through the bread you have given me there has crept into the marrow of my being an inextinguishable longing to be united with you beyond life; through death? The consecration of the world would have remained incomplete, a moment ago, had you not with 7 special love vitalized for those who believe, not only the life-bringing forces, but also those which bring death. My communion would be incomplete — would, quite simply, not be Christian — if, together with the gains which this new day brings me, I did not also accept, in my own name and in the name of the world as the most immediate sharing in your own being, those processes, hidden or manifest, of enfeeblement, of ageing, of death, which unceasingly consume the universe, to its salvation or its condemnation. My God, I deliver myself up with utter abandon to those fearful forces of dissolution which, I blindly believe, will this day cause my narrow ego to be replaced by your divine presence.

The man who is filled with an impassioned love for Jesus hidden in the forces which bring death to the earth, him the earth will clasp in the immensity of her arms as her strength fails, and with her he will awaken in the bosom of God.


PRAYER


Lord Jesus, now that beneath those world-forces you have become truly and physically everything for me, everything about me, everything within me, I shall gather into a single prayer both my delight in what I have and my thirst for what I lack; and following the lead of your great servant I shall repeat those enflamed words in which, I firmly believe, the Christianity of tomorrow will find its increasingly clear portrayal:

‘Lord, lock me up in the deepest depths of your heart; and then, holding me there, burn me, purify me, set me on fire, sublimate me, till I become utterly what you would have me be, though the utter annihilation of my ego.’5

Tu autem, Domine mi, include me in imis visceribus Cordis tui. Atque ibi me detine, excoque, expurga, accende, ignifac, sublima, ad purissimum Cordis tui gustum atque placitum, ad puram annihilationem meam.6

‘Lord.’ Yes, at last, though the twofold mystery of this universal consecration and communion I have found one to whom I can wholeheartedly give this name. As long as I could see — or dared see — in you, Lord Jesus, only the man who lived two thousand years ago, the sublime moral teacher, the Friend, the Brother, my love remained timid and constrained. Friends, brothers, wise men: have we not many of these around us, great souls, chosen souls, and much closer to us? And then can man ever give himself utterly to a nature which is purely human? Always from the very first it was the world, greater than all the elements which make up the world, that I was in love with; and never before was there anyone before whom I could in honesty bow down. And so for a long time, even though I believed, I strayed, not knowing what it was I loved. But now, Master, today, when though the manifestation of those superhuman powers with which your resurrection endowed you you shine forth from within all the forces of the earth and so become visible to me, now I recognize you as my Sovereign, and with delight I surrender myself to you.

How strange, my God, are the processes your Spirit initiates! When, two centuries ago, your Church began to feel the particular power of your heart, it might have seemed that what was captivating men’s souls was the fact of their finding in you an element even more determinate, more circumscribed, than your humanity as a whole. But now on the contrary a swift reversal is making us aware that your main purpose in this revealing to us of your heart was to enable our love to escape from the constrictions of the too narrow, too precise, too limited image of you which we had fashioned for ourselves. What I 8 discern in your breast is simply a furnace of fire; and the more I fix my gaze on its ardency the more it seems to me that all around it the contours of your body melt away and become enlarged beyond all measure, till the only features I can distinguish in you are those of the face of a world which has burst into flame.

Glorious Lord Christ: the divine influence secretly diffused and active in the depths of matter, and the dazzling centre where all the innumerable fibres of the manifold meet; power as implacable as the world and as warm as life; you whose forehead is of the whiteness of snow, whose eyes are of fire, and whose feet are brighter than molten gold; you whose hands imprison the stars; you who are the first and the last, the living and the dead and the risen again; you who gather into your exuberant unity every beauty, every affinity, every energy, every mode of existence; it is you to whom my being cried out with a desire as vast as the universe, ‘In truth you are my Lord and my God.’

‘Lord, lock me up within you’: yes indeed I believe — and this belief is so strong that it has become one of the supports of nay inner life — that an ‘exterior darkness’ which was wholly outside you would be pure nothingness. Nothing, Lord Jesus, can subsist outside of your flesh; so that even those who have been cast out from your love are still, unhappily for them, the beneficiaries of your presence upholding them in existence. All of us, inescapably, exist in you, the universal milieu in which and through which all things live and have their being. But precisely because we are not self-contained ready-made entities which can be conceived equally well as being near to you or remote from you; precisely because in us the self-subsistent individual who is united to you grows only insofar as the union itself grows, that union whereby we are given more and more completely to you: I beg you, Lord, in the name of all that is most vital in my being, to hearken to the desire of this thing that I dare to call my soul even though I realize more and more every day how much greater it is than myself, and, to slake my thirst for life, draw me — through the successive zones of your deepest substance — into the secret recesses of your inmost heart.

The deeper the level at which one encounters you, Master, the more one realizes the universality of your influence. This is the criterion by which I can judge at each moment how far I have progressed within you. When all the things around me, while preserving their own individual contours, their own special savours, nevertheless appear to me as animated by a single secret spirit and therefore as diffused and intermingled within a single element, infinitely close, infinitely remote; and when, locked within the jealous intimacy of a divine sanctuary, I yet feel myself to be wandering at large in the empyrean of all created beings: then I shall know that I am approaching that central point where the heart of the world is caught in the descending radiance of the heart of God.

And then, Lord, at that point where all things are set ablaze, do you act upon me though the united flames of all those internal and external influences which, were I less close to you, would be neutral or ambivalent or hostile, but which when animated by an Energy quae possit sibi omnia subjicere7 become, in the physical depths of your heart, the angels of your triumphant activity. Though a marvellous combination of your divine magnetism with the charm and the inadequacy of creatures, with their sweetness and their malice, their disappointing weakness and their terrifying power, do you fill my heart alternately with exaltation and with distaste; teach it the true meaning of purity: not a debilitating separation from all created reality but an impulse carrying one though all forms of created beauty; show it the true nature of charity: not a sterile fear of doing wrong but a vigorous determination that all of us together shall break open the doors of life; and give it finally — give it above all — though an ever- 9 increasing awareness of your omnipresence, a blessed desire to go on advancing, discovering, fashioning and experiencing the world so as to penetrate ever further and further into yourself.

For me, my God, all joy and all achievement, the very purpose of my being and all my love of life, all depend on this one basic vision of the union between yourself and the universe. Let others, fulfilling a function more august than mine, proclaim your splendours as pure Spirit; as for me, dominated as I am by a vocation which springs from the inmost fibres of my being, I have no desire, I have no ability, to proclaim anything except the innumerable prolongations of your incarnate Being in the world of matter; I can preach only the mystery of your flesh, you the Soul shining forth though all that surrounds us.

It is to your body in this its fullest extension — that is, to the world become through your power and my faith the glorious living crucible in which everything melts away in order to be born anew; it is to this that I dedicate myself with all the resources which your creative magnetism has brought forth in me: with the all too feeble resources of my scientific knowledge, with my religious vows, with my priesthood, and (most dear to me) with my deepest human convictions. It is in this dedication, Lord Jesus, I desire to live, in this I desire to die.

Ordos 1923


NOTES:

1. As was pointed out in the Introduction, there is no confusion here between transubstantiation in the strict sense and the universal presence of the Word: as the author states explicitly in Le Pretre, ‘The central mystery of transubstantiation is aureoled by a divinization, real though attenuated, of all the universe.’ From the cosmic element into which he has entered through his incarnation and in which he dwells eucharistically, ‘the Word acts upon everything else to subdue and assimilate it to himself.’ (Ed.’s note.)

2. ‘That they [all mankind] should seek God, if happily they may feel after him or find him. . .‘ (Acts 17.27.)

3. ‘That it may become for us the Body and Blood of your dearly loved Son, our Lord Jesus Christ.’

4. Through the ‘physical and overmastering’ contact of him whose appanage it is to be able omnia sibi subicere [‘to subdue all things unto Himself.’ Phil. 3.21]. (Le Milieu Divin, Eng. trans. p.114.)

5. The term ‘ego’ is used here (in contrast to the ‘true self’) to denote the proud, defiant self-reliance, the attempted autonomy, of man in revolt against God. Only through the death of the ego can the true self be liberated; for man is truly himself only when he has replaced his egocentricity by theocentricity and thus found his true self by looking for it in God, in whom alone we ‘live and move and have our being’. (Tr.’s note.)

6. ‘And thou, my Lord, enfold me in the depths of thy Heart. And there keep me, refine, purge, kindle, set on fire, raise aloft, according to the most pure desire of thy Heart, and for my Cleansing extinction.’

7. ‘Which is able to subdue all things unto itself.’

 
 
 

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